quarta-feira, novembro 23, 2005

ESTÁ VISTO

que hoje estou numa de recordar... (e de não parar de escrever!)

Lembro-me da primeira ou segunda noite depois de o David entrar aqui para a escola. Ele estava triste, não conseguia dormir, e eu lá me fui deitar junto dele. Puxa daqui, puxa dali, lá me foi dizendo que estava triste porque não percebia nada do que os meninos diziam e do que a professora dizia. Eu fiquei junto dele, e disse-lhe que ia ser difícil, que ele se ia sentir assim ainda durante algum tempo e que não ia ter vontade de ir para a escola. Mas que tinha de ir, que era assim como uma luta, uma batalha (ele até se admirou com a expressão). Eu expliquei-lhe que era como numa luta: ele tinha de ter força para aguentar. Para continuar a ir, mesmo que não percebesse nada. E que, de dia para dia, ia perceber mais um bocadinho. Que ia ser assim, devagarinho. E que aos poucos ia começar a perceber os meninos e a conseguir falar e dizer o que quisesse. E que um dia ia olhar para trás e se ia lembrar daquele dia e até se ia rir porque então já saberia falar inglês melhor do que eu!

Ele deve ter julgado que eu era maluca, pela cara que fez. E eu assegurei-lhe que ainda ia chegar o dia em que seria ele a ensinar-me algumas coisas em inglês. E disse-lhe ainda que agora ele não acreditava, porque ainda estava no princípio. Era preciso passar algum tempo.

Disse-lhe também que eu e o pai estávamos ao lado dele nessa luta. E que sempre que ele precisasse nós o ajudaríamos. Que podia contar connosco.

Passado uns minutos adormeceu. E eu fiquei deitada ainda uns momentos junto dele, com o coração apertado de angústia, mas também mergulhado na esperança de melhores dias.

E sabem? Esse dia já chegou, há muito. Várias vezes já aconteceu ele esclarecer-me acerca do significado desta ou daquela palavra. E hoje lembrei-o dessa noite (lembras-te quando a mãe um dia te disse que ainda ias ensinar-me inglês?)

E a resposta foi um sorriso e um brilho vitorioso no olhar.

2 comentários:

Tilangtang disse...

Foste Mãe!

papu disse...

Com o David sempre aconteceu isso. Desde q praticamente começou a falar. Na hora de deitar é q desata a corda: quer para contar as coisas boas como as más. Principalmente as más, as preocupações, os medos, as angústias... e já perdi a conta às noites em q ficava a ouvi-lo...

E é engraçado q eu já conheço os sinais: qd está aprticularmente agitado, sem conseguir conciliar o sono, já sei q vai ter de haver sessão de conversa antes de dormir.

O "pior" é q agora, com o Diogo a querer entrar na conversa e também a querer contar as suas peripécias (ele diz mesmo assim, alto e bom som: "Eh! O bebé tamém qué falá!" a hora de dormir às vezes prolonga-se demasiado... mas às vezes vale a pena "perder" algum tempo para depois o sono ser mais tranquilo. :)

beijinhos grandes