quinta-feira, janeiro 13, 2011

De mãe para mães

Já veste roupa de 13 anos. Todos os dias o vejo crescer. Vejo mesmo, como via a minha barriga crescer todos os dias, quando estava no último mês das duas gravidezes. Ele, no entanto, ainda não me ultrapassou em altura. Está quase. Quase, quase. Falta um bocadinho assim, como naquele anúncio da Danone, embora o assim, neste caso, seja mais bocadinho ainda. Espero por esse momento com alguma impaciência, onde se escondem a angústia e o entusiasmo. Quero vê-lo maior que eu, num misto de curiosidade e assombro, como se não acreditasse ser isso possível. Quero conhecer-lhe a cara quando esta se alongar e ganhar acne e penugem, quero conhecer-lhe a voz quando engrossar, quero conhecer-lhe o corpo quando já não o reconhecer como meu. No espanto está, também, misturado o medo, porque o desconhecido, se já assusta por si só, o que não fará quando se reflecte no corpo do nosso filho, o mesmo que saiu de dentro de nós, no que nos parece ter sido noutra vida. Noutra vida em termos espaciais e temporais, não emocionais, porque ainda conseguimos, numa proeza extraordinária, ver o bebé e a criança pequena quando olhamos para ele, e então vêm as saudades, que se misturam ao medo, e tudo junto dá uma grande confusão, capaz de tirar a sanidade mental às almas mais equilibradas. Não, não queremos nada que ele cresça, queremos que fique bebé para sempre, o nosso menino; sim, queremos que ele cresça depressa, mal podemos esperar pelas mudanças que aí vêm; qual quê, mudanças, nem pensar, que tudo fique na mesma, assim, perfeito (quando nos dá o medo de avançar o aqui e agora é sempre perfeito), que o nosso coração não aguenta; e então, em que é que ficamos? No mesmo sítio, olha que pergunta. Esperando, antecipando, ansiando, desejando, temendo, remoendo e evocando as memórias.

1 comentário:

LP disse...

Eu já penso nestas coisas e o meu mais velho fez agora 8 anos...