A eleição de Cavaco Silva, hoje, em Portugal, é o reverso, o avesso desse acontecimento no país irmão.
E lembrei-me da música belíssima de Chico Buarque, ao felicitar este nosso país em Abril de 1974. A data que marcou o fim da ditadura, o fim da censura, o fim de uma longa noite de repressão que parecia não acabar:
"Sei que estás em festa, pá
fico contente
enquanto estou ausente
guarde um cravo para mim.
Eu queria estar na festa, pá
com a tua gente
e colher pessoalmente
uma flor do teu jardim.
Sei que há léguas a nos separar
tanto mar, tanto mar
sei também quanto é preciso, pá
navegar, navegar.
Lá faz primavera, pá
cá estou carente
mande urgentemente
algum cheirinho de alecrim"
Mas esta versão foi posteriormente substituída por outra:
"Foi bonita a festa, pá
fiquei contente
ainda guardo renitente
um velho cravo para mim.
Já murcharam tua festa, pá
mas certamente
esqueceram uma semente
nalgum canto de jardim.
Sei que há léguas a nos separar
tanto mar, tanto mar
sei também quanto é preciso, pá
navegar, navegar.
tanto mar, tanto mar
sei também quanto é preciso, pá
navegar, navegar.
Canta a primavera, pá
cá estou carente
manda novamente
algum cheirinho de alecrim"
Eu também queria, muito, estar na tua festa, pá.
Infelizmente, pá, sofres de memória curta, e não tens qualquer auto-estima nacional.
Já murcharam tua festa, pá, e só espero, como diz o Chico, que tenha ficado alguma semente nalgum canto de jardim...
9 comentários:
É o q apetece, não é?
Virar costas, e deixar o barco afundar...
:(
Bjs
para mim, ficaram quase 21% de sementes que irão brotar nalgum jardim
Esta semente já não sabe germinar neste jardim.
kuku...brigada pela visita ao meu cantinho....passei pa ver o teu e já agora dar os meus parabens pelo blog....
cumprimentos
pequenita
Obrigado pelo cheirinho a alecrim que ficou no ar lá no cantinho ;)
Lentamente, os sorrisos começam a voltar. Em frente é o caminho, allez!
Beijokaaaas, amiga :)
Cá por mim acho que este jardim
já não dá flôr.
Mas eu continuarei alegre
seja como fôr.
Boa semana.
Papu,
Só te posso dizer que tenho pena e que é a lutar e sem não baixar os braços que devemos continuar a lutar pelo país, concorde-se ou não se concorde, com cavaco ou sem cavaco, o que teria acontecido a quem acreditou nos famosos ideais de abril, se tivessem baixado os braços?!?! Estaríamos ainda presos à porcaria do salazarismo/marcelismo?!?!?! Se todos deixassem morrer as sementes do seu jardim?! Não são necessariamente todas da mesma cor!! Não podem ser todas da mesma cor!!!
Eu acredito no meu país e em lutar por ele no dia a dia e ajudar a torná-lo um país melhor, mais bem formado, a política não é um fim em si mesma, é apenas um meio, existe mais, muito mais!!!
Já te respondi, comenta à vontade, está bem?! É um grande testamento, peço desculpa!!!
:)
Sandra
Eu também acredito (quero acreditar) nas sementes, e não, Sandra, não precisam de ser todas da mesma cor, mas falando sinceramente e cá do fundo, já perdi as esperanças nesse país à beira mar plantado. Aliás, esse (também) foi um dos motivos que me levou a apanhar o avião...
Beijinhos grandes para todos!
Wellcome, sinner. Nice to hear you again... :)))
Eu quando vivia em Londres costumava dizer ao meu namorado que não conseguia viver sem o sol de Portugal e sem a minha gente (leia-se família). Esse sentimento foi esmorecendo e de Durão Barroso para cá que não passa um dia em que não pense em pegar nos putos e fugir daqui para fora. O facto de ter um marido Francês ajuda bastante, mas estranhamente, ele parece ser o mais interessado em manter-se cá. Eu já não acredito em Portugal :-(
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