domingo, janeiro 08, 2006
PEQUENO ACIDENTE
É o que dá ter um blogue: não podemos escrever nada que toda a família aí em Portugal não fique a saber. Por isso, e porque só hoje é que os avós souberam do que aconteceu, é que me atrevo a contar-vos.
Pois é: temos uma perna pequenina engessada cá em casa. Na quinta feira de manhã, no meio dos habituais saltos e pulos em cima do sofá e deste para o chão, o pé escorregou, a perna torceu e o osso não aguentou: fracturou. O pai ouviu o som do osso a partir e estava mais aflito; a mãe, que estava na cozinha, ao princípio pensou que tinha sido apenas um mau geito ou uma distensão muscular. Mas o choro continuado e o alto na perna que se formou logo poucos minutos depois não deixaram margem para dúvidas de que fora algo mais que isso. Chamou-se a ambulância, que chegou em poucos minutos, e lá foi a mãe com ele para o hospital.
Bom. Depois de três radiografias lá se confirmou o veredicto: fractura na tíbia. Recuperação prevista dentro de 4 a 6 semanas. Até lá, imobilização total! (Apesar de ele não parar quieto, sentado no sofá, com a perna apoiada numa almofada, a jogar x-box com o irmão).
Depois de passado o pior (ele está bastante melhor e a recuperar bem), depois do meio dia no hospital e de parte da primeira noite, devido às dores intensas, em que praticamente não dormi, estou mais calma. Mas uma coisa vos digo: não há nada pior do que ouvirmos o nosso filho chorar e gritar de dor e não podermos fazer nada para o acalmar. De bom grado teria trocado de lugar com ele. (E olhem que não digo isto de ânimo leve: sei bem o que são dores insuportáveis, tive dois partos sem epidural e sobrevivi a uma apêndicite aguda com uma infecção severa!)
Naquele dia, no hospital, enquanto esperava pelo parecer médico, disseram-me que havia a hipótese de ele ser operado, dependendo do tipo de fractura. Fiquei com o coração apertado, não consegui imaginar o que seria de mim se isso acontecesse. Foi a única altura em que fraquejei. Claro que podia ter acontecido, e não seria uma intervenção complicada nem com grandes riscos, mas só a ideia fez-me estremecer e sentir a pontada do desespero no coração. Felizmente não foi necessário: o médico explicou que, no caso de crianças desta idade, eles não operam, porque a recuperação é bastante fácil e rápida.
Mas, no meio de camas de hospital e dos gritos do meu filho, fiquei a pensar naquelas crianças (nos milhões que há em todo o mundo) que precisam de cuidados médicos continuados, que sofrem de doenças fatais, que estão internadas devido a problemas graves. Apesar de tudo, da minha dor e do meu desespero, ao pé desses casos o meu não foi nada. Ou quase nada. E realizei que se realmente acontecesse alguma coisa mais grave com algum dos meus filhos, eu ficaria à beira da loucura. Desde esse dia que não consigo deixar de pensar nessas crianças e nesses pais, que diariamente vivem aquilo que eu vivi em poucas horas, com uma intensidade incomparavelmente mais elevada. Pode dizer-se que passei por um milésimo daquilo que imagino que seja a sua dor, e fiquei completamente de rastos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
11 comentários:
Papu
Que ele recupere bem e o mais depressa possível, grande susto, hein.
Beijocas grandes e uma assinatura no gesso, he, he.
A Sofia e o Pedro falaram-me do teu blog. Vim espreitar. Foi um bom tónico na manhã dominical. Os temas e a sensibilidade na sua abordagem enterneceram-me.Quando tocaram raizes comuns,e levado aos tempos vividos que descreves,saí para descarregar a emoção. Liguei para a tua mãe que me deu a notícia do acidente do D. Regresso agora e vejo a tua descrição, em breve estará a jogar à bola,as melhoras,um grande beijinho para ti,obrigado pelo que nos dás. Tio João
Papu, as melhoras para o filhote e força, moça!! imagino o sufoco, ou melhor se calhar não imagino... mas desejo-vos que tudo passe depressa!!!
Muitos ***
Sandra
Então rápidas melhoras para o moço piqueno, querida Papu :)))
Beijokaaaas grandes do Pim **
Allez!
já senti algo parecido. outro dia o Diogo caíu e bateu com a cabeça no chão. quando o levantei vi sangue...bom...o coração disparou, as pernas tremeram...eu sei lá. são situações que realmente nos fazem pensar mais neles e em nós sem eles
Ai, Papu, que até a mim doeu quando li! Montes de beijinhos para ele e mimos para ti. O pior já passou.
Beijinhos!
fiquei com o coração apertadinho!
as melhoras,muitas beijocas
As melhoras para o filho e para a mãe. Tu também precisas de certeza.
Bejinhos e Bom Ano.
As melhoras rápidas do teu menino...
Beijinhos para os 4!
Sofia
Meus queridos amigos, obrigada pot tudo: pelas melhoras, pelos mimos, pelo carinho. Um beijinho a todos! :)
Tio: gostei muito da tua visita. Volta sempre. Obrigada pelas tuas palavras.
Alex, minha querida, voltaste, finalmente! :)
Um grande beijinho e obrigada pela força
Enviar um comentário