Afinal, meter as mudanças com a direita é apenas mais um hábito adquirido, e como qualquer hábito, facilmente modificável.
Eu explico melhor:
Quando peguei no carro pela primeira vez, parecia que não sabia guiar. O carro era pequeno demais, as pernas sobravam-me, ou melhor, os pedais ficavam demasiado à frente, não conseguia encontrar o ponto de embraiagem, e, para cúmulo, tinha de fazer tudo ao contrário! É verdade, eu que pensava que em Inglaterra é que guiava ao contrário, ao chegar percebi que aquilo que era o contrário para mim transformara-se na normalidade, apenas em 4 ou 5 meses!
A habituação aconteceu depressa, mas em algumas ocasiões de ansiedade surpreendia-me a tentar meter as mudanças com a outra mão e a ligar os limpa pára brisas quando queria fazer pisca. Já em Londres isso me acontecera, mas no oposto: quando ficava nervosa lá começavam os enganos com o limpa pára brisas e os piscas. Quando a ansiedade aumenta, por qualquer motivo, passamos a funcionar mais à base do instinto - ou daquilo que, devido à força do hábito repetido, se tornou progressivamente mais instintivo, como um reflexo automático. O que me surpreendeu foi a constatação de que os meus reflexos mudaram silenciosamente de referência - e eu não me apercebi, juro.
Quanto ao resto, foram umas boas férias, na verdadeira acepção da palavra. E os acontecimentos sucederam-se em catadupa: os 6 anos do David, os passeios, o sol, a visita aos amigos e família, a visita à antiga escola, em que o Diogo chorou desalmadamente e o David acabou por passar lá o dia, e o xixi e o cocó no bacio, novidade do Diogo, que ainda está em fase de aprendizagem.
São assim, as férias, cheias de novidades.
(Ah! E comi papo-secos que me desunhei! E fatias de pão alentejano com manteiga, torradas, e pão de mistura e saloio e de todos os tipos e feitios! E a melhor sopa de belbroegas que já comi na vida feita pela minha rica prima! E na verdade não há pão como o da nossa terra! Desde que cheguei - ontem - ainda não tive coragem de trincar nenhuma fatia daquela coisa mole e branca que está dentro do saco, no frigorífico. E não, aquilo não pode ser pão. Foi um engano no registo. Pronto. Já desabafei)
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