sexta-feira, setembro 09, 2005

STOP MAKING SENSE

é o que diz o ecrã do computador quando entra em screensaver.
A minha cabeça também queria, às vezes, ser como o monitor. Apagar tudo, background azul escuro, and stop making sense...

Mas depois acorda: dar o almoço ao Diogo. Lavar a loiça. Fazer qualquer coisa para o jantar. Limpar a casa, aspirar o chão (que horror, está imundo!)

Porque raio é que vivemos numa casa com alcatifa?
Acatifa e crianças pequenas: uma mistura explosiva.
Seria necessário, pelo menos, aspirá-la todos os dias.
Ou então vamos andar a pisar migalhas de pão e bolachas e outras porcarias várias todo o santo dia.
Estão doidos? Acham que eu aspiro esta porcaria todos os dias?
Sim, é mais a segunda hipótese.

- Diogo, abre a boca.
- O bebé nã quéli xopa!
- Abre a boca! A mamã assim tira o Ruca!
(é isso mesmo, chantagem da silva!)
- O qué ito?
- É carninha, abre a boca.
- O bebé nã qué!
- Abre a boca!
(geralmente não é assim tão fácil... mas vou abreviar)
- Tens de mastigar a carne, Diogo, estás a ouvir?
- Mas o bebé quéli engorili...

Acabar o almoço, pensar no que vamos jantar. Tirar do congelador.
Ir buscar o David. Dar-lhe o lanche.
Ficar sentada no sofá, deixar a comida apodrecer e o cheiro empestar a casa, atraindo as moscas. Sair pela janela, ou pela chaminé, transformada em fumo, e pairar acima das nuvens.
Descer à terra, a outra terra, espreitar a vida alheia pelas janelas, espreitar o calor das casas e ficar a pairar, no ar gelado, deixar-me arrastar pela brisa fresca em direcção ao mar.

Acordar de súbito, desperta pela voz do Diogo a cantar com o Ruca: "SOU EEEU!!!"
Stop making sense stop making sense stop making sense stop making sense

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