quarta-feira, outubro 05, 2005

TAMANHOS E FEITIOS

Se há coisa que não entendo neste país é o tamanho das coisas. (Mas que coisas, estão vocês a pensar neste momento, será que ela se passou? Não, meus queridos, não estou a falar de pilas. Estou a falar de outras coisas!)

É sabido que estes gajos nórdicos são em média maiores em altura do que os povos mais ao sul, não é verdade? Pois então deveriam construir as casas e os diversos edifícios, incuindo meios de transporte, na proporção justa, não acham? Mas qual quê! As casas (pelo menos aqui as do pessoal pobre) são autênticas casas de bonecas, em tamanho e em aspecto. As carruagens do metro são pequenas e atarracadas, as nossas ao pé das deles dão para fazer um baile lá dentro. Mas o que me passa mesmo são os supermercados, tipo Continente, que aqui há! Os corredores são apertadíssimos, todos em cima uns dos outros, e para cúmulo estão sempre cheios, qualquer que seja a hora ou o dia da semana! Estão a ver o Continente ou o Carrefour aí ao domingo de manhã ou ao sábado? Agora imaginem a mesma quantidade de pessoas, mas com o espaço do Pingo Doce! É de loucos! Temos de estar sempre: excuse me, oh, sorry, oh, excuse me, sorry, I'm so sorry! Conseguir chegar à prateleira dos iogurtes, dos legumes, das bolachas, é uma verdadeira aventura! E às vezes os engarrafamentos de carrinhos cheios de compras são tantos que decididamente ou apanhamos uma verdadeira seca ou desistimos de comprar qualquer produto!

Os autocarros têm a seu favor o facto de possuírem um espaço para uma cadeira de rodas e para carrinhos de bebés. No início, quando chegámos, também eu era frequentadora assídua dos transportes públicos e lá andava com a cadeirinha do Diogo para trás e para a frente. Mas as coisas nem sempre correm bem! Para começar há condutores que pura e simplesmente não abrem as portas se vêem um carrinho de bebé, ou que a fecham descaradamente quando estamos a tentar subir! Às vezes dizem-nos que o lugar já está ocupado, e depois quando arrancam nós reparamos que afinal não estava nada ocupado! Depois para subir é um pouco difícil, e para descer também. Existe uma rampa especial que o condutor pode accionar, mas em dois ou três meses só me fizeram isso uma ou duas vezes. Depois de entrarmos, surge outra dificuldade: é que o corredor é apertadíssimo, dá mesmo à justa para o carrinho passar (há carrinhos que nem passam), e há sempre pessoas a impedirem a passagem que às vezes não são nada simpáticas! Na maior parte das vezes o condutor arranca antes de chegarmos ao sítio, e lá ficamos no meio do autocarro, a segurar o carrinho e a tentar equilibar-nos nas curvas! Enfim, é mais uma aventura!

Agora imaginem os carrinhos de gémeos, ou aqueles um pouco maiores que não têm espaço para passar? Pois, para estas eventualidades, existe sempre a possibilidade (aliás, é mesmo a única hipótese) de o condutor abrir a porta de trás e deixar as pessoas entrarem por aí. Mas julgam que eles fazem isso? Se fazem, são pouquíssimos (e é a sua obrigação!). Uma vez assisti a uma cena incrível: o autocarro estava vazio, só eu ocupava o lugar das cadeirinhas (ainda havia lugar para mais dois carrinhos à vontade), uma moça fez sinal ao homem para ele abrir a porta de trás (tinha uma cadeirinha de gémeos e só conseguia entrar por aí) e ele pura e simplesmente arrancou, deixando-a parada no passeio... Fiquei completamente parva, acho que se me desenrascasse mais no inglês tinha-me levantado e tinha ido desatinar com o homem!

Mas, também, porque raio é que estes gajos não fazem as coisas maiores? Parece que gostam de andar apertadinhos... (É o calor humano, deve ser, e como aqui faz tanto frio...)

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