segunda-feira, dezembro 12, 2005

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE

foram valores mais altos que se levantaram numa revolução de mentalidades que mudou o mundo. E nem foi assim há tantos anos atrás. Porém, hoje em dia, as pessoas desconfiam da liberdade (eles agora têm liberdade a mais!), confundem fraternidade com caridade e igualdade com igualitarismo autoritário.

É claro que somos todos diferentes, e ainda bem! As pessoas diferem em cor da pele, em nacionalidade, em hábitos culturais e tradições, em religião, em género, em opção sexual, em opiniões, enfim, em tudo! E mesmo quando não há diferenças visíveis a olho nú, elas continuam a determinar a nossa individualidade. Cada um de nós é diferente do outro, cada um de nós é uma pessoa única e inigualável a todos os níveis, e é precisamente nesta variedade, nesta diversidade, que reside a riqueza da humanidade enquanto espécie.

Mas a igualdade não tem nada a ver com isto! Este valor não tem nenhuma pretensão de tornar a humanidade toda igual, fabricada em série, nem sequer considera esse igualitarismo forçado uma coisa positiva! A igualdade prende-se com a nossa humanidade, com os nossos direitos enquanto seres humanos: apesar de diferentes, somos todos humanos (e partilhamos os mesmos sentimentos) e devemos ter os mesmos direitos e as mesmas oportunidades, em suma, ser tratados da mesma maneira. E isto também não quer dizer que se tem de adoptar um comportamento universal, um maneirismo exaustivamente repetido na relação com os outros: cada relação é única e diferente da outra, também. Mas a relação baseada na empatia pressupõe o colocar-se no lugar do outro (put yourself in her/his shoes), o que nos aproxima dos seus sentimentos, e faz-nos tratá-lo como gostaríamos que nos tratassem a nós. Ou seja, tratá-lo como igual. É apenas isto (este gesto tão simples) que define a essência da igualdade.

A liberdade é outro valor grandemente posto em causa e tantas vezes mal compreendido e mal vivido. A verdadeira liberdade não está em fazer tudo aquilo que desejamos e que nos dá na telha (aí seríamos escravos dos nossos próprios impulsos e desejos) mas sim na capacidade de assumirmos aquilo que realmente somos intimamente, de nos tornarmos naquilo que queremos, de optarmos por aquilo que realmente desejamos e de conseguirmos optimizar o nosso potencial enquanto pessoas, na relação com os outros. É claro que não existe uma verdadeira liberdade na ignorância e no desrespeito pelas diferenças e pela individualidade, por um lado, e pela igualdade enquanto seres humanos, pela universalidade das nossas emoções e da nossa capacidade empática, enquanto espécie. Só seremos realmente livres quando pudermos circular e interagir através da extensa geografia mundial, respeitando os espaços de individualidade e as fronteiras entre nós e os nossos semelhantes.

Aliás, o respeito pelas diferenças também se prende com o respeito e a promoção de igualdade de oportunidades para pessoas com necessidades especiais, ou seja, todos aqueles que apresentam alguma forma de handicap (físico ou não) e que os torna, à partida, numa posição social menos favorável e com menos possibilidades de optimizarem o seu potencial. Aqui a Promoção para a Igualdade de Oportunidades e Práticas Anti-Discriminatórias faz parte do currículo de qualquer curso ligado à educação e ao exercício de profissões relacionadas com esta e outras áreas, como a saúde e a intervenção social. Mais um aspecto em que este país fica a ganhar aos pontos.

3 comentários:

sm disse...

Tens razão! Deve ser bastante compensador trabalhar nessa área com esse(s) tipo(s) de abordagem.

Um apontamento que acho importante, principalmente em relação à liberdade é que a nossa liberdade (deve) acaba(r) onde começa a dos outros, este parece-me um conceito importante que as pessoas tendem a esquecer... Misturando liberdade com uma série de outras coisas que pouco têm a ver com respeito pelos outros...

:)
Sandra

papu disse...

Ó Ana! Já vais? Mandei-te um mail... muitos muitos beijinhos e faz favor de aparecer assim que chegares (assim q puderes...!)

Sandra: concordo em absoluto. Aliás, está inerente: só há liberdade qd há respeito pela diferença do outro (portanto, pelo outro e pela sua liberdade)
:)

sm disse...

Esqueci-me há bocado: A galeria está o máximo!!!

:D
Sandra