RUSH

Agora imaginem: saímos da escola às 10 e pouco. Ainda tinha de ir à minha escola entregar um draft assignment e às compras, e estar de volta às 11.45 para ir buscar o Diogo.

Mas nesta terra não se pode ir às compras à pressa? Não, não pode! Aliás, eles deviam ter uns avisos à entrada dos supermercados: SLOW DOWN. NO RUSHING.

É que é impossível, pá! Aquilo parece o IC 19 na hora de ponta! Os corredores apertados cheios de carrinhos de compras. Para andar uns metros temos de nos desviar aqui e ali, abrir caminho, parar, esperar... ai a minha paciência! Mas nesta terra ninguém trabalha? É o que parece, pá, toda a gente vem para as compras a esta hora? Ai a minha vida... ainda quando tenho tempo para andar aqui a engonhar, mas com pressa, é impossível!

E depois, caramba, uma pessoa vai comprar um pacote de arroz, e só há arroz basmati! Resmas de marcas de arroz, mas todos basmatti! Mas que porra! Afinal estamos em Inglaterra ou na Índia?! (estas são as pérolas que eu vou praguejando, o que vale é que ninguém me percebe, digo eu :P) E pronto, tive de me vir embora sem arroz! Eu até gosto do basmatti, mas acabo por me enjoar quando como muitas vezes.

Só para verem o que acontece quando ando à pressa, deixei o carro no parque e esqueci-me completamente de ir tirar o ticket. Já estava de carrinho aviado quando me lembrei! Meu Deus, e agora? É que os gajos aqui não perdoam e as multas não são nenhum brinquedo! (Já tivémos de arrotar com £60 por termos chegado 6 minutos depois do limite da hora! E olhem que 60 libras não são 60 euros...) Ia-me caindo o coração aos pés. Deixámos o carrinho das compras encostado a uma caixa, e lá corremos (o David só dizia, é pá, mamã! Acho que nunca me tinha visto correr assim!) até ao carro. Que alívio! Como estava a chover, o parque de baixo estava tão cheio que ninguém reparou que o carro não tinha bilhete. Tirar o bilhete, e correr outra vez no sentido oposto. E com isto já eram 20 para o meio dia, e ainda tinha uma pessoa à frente. Liguei para a escola a dizer que estava atrasada. Só chegámos ao meio dia e cinco! É que o trânsito também se lembrou de fazer das suas!

Estão a perceber melhor agora aquela sensação que descrevi lá em baixo? A dos primeiros minutos de uma semana de férias? Depois desta correria, chegar a casa, arrumar as compras, e pensar: pronto! Agora pelo menos durante uma semana não tenho de correr para lado nenhum. Só se for para apanhar vento na cara, ou atrás de algum desejo, ou para atingir alguma meta, ou para esticar as pernas, que são as únicas coisas por que vale a pena correr!