quinta-feira, novembro 30, 2006

"O MEU AVÔ E EU..."

"Sim, lembro-me, Papu.

Também me lembro dele e de mim.

Dele nos oferecer castanha - "olha que apanhas castanha!"

De irmos jogar ping-pong à Sociedade Recreativa dos Artistas Estremocences depois de jantar. De me dar a mão no percurso de ida e volta. De irmos de mão dada porque ele queria. (Tal como eu quero dar a mão aos meus filhos e hei-de querer dar a mão aos meus netos.)

De ir à caça com ele e os amigos. Saíamos de casa noite cerrada e iamos até ao ponto de encontro no Rossio. Claro que éramos os primeiros a chegar. Como ele explicava: não era bom pretexto chegarmos atrasados, pelo facto de alguém se atrasar. Depois metiamo-nos no carro de alguém e lá íamos. Começava-se a caçar ao raiar do dia. Tenho ideia que ele já estava velhote (mas não doente) na altura e que já não dava pela caça como os outros - e, claro, eu queria que o meu avô fosse o melhor caçador.

Deixa-me agora gabar duma coisa: sabes a quem ele deu a espingarda? A mim. Um dia estava a limpá-la e chamou-me. Explicou-me como é que aquilo se fazia. Não sei se me disse que quando ele morresse ficava para mim. Se disse eu não devo ter ligado porque eu não acreditava que as pessoas de quem eu gostava morressem (sabia, mas não acreditava...)."

Obrigada, Pedro, por me deixares partilhar estas palavras.

:)))

1 comentário:

Anónimo disse...

eu também tenho recordações boas!
E tenho muita pena do meu filhote não ter nunhum avó!!! faz tanta falta..
bjs