quinta-feira, dezembro 28, 2006

O MISTÉRIO DA MALA DESAPARECIDA


Ora aqui vai uma crónica natalícia, especialmente escrita para a minha prima Maria Helena.

No sábado chegaram duas surpresas: o avô e a avó. Mas com eles traziam mais outra, esta menos agradával: a de que uma das malas havia desaparecido misteriosamente. Depois de passarem umas três horas no aeroporto, entre reclamações e tentativas de encontrar o seu paradeiro, lá vieram para casa, mais conformados com o assunto.

Bom. Na dita mala vinha uma autêntica recolha gastronómica familiar, a saber: filhoses enroladas em mel, bacalhau, um frango acabado de matar, costeletas panadas (há tanto tempo que não as comia!), empadas e pastéis de carne, azevias, pão, coentros e salsa, enfim, aquelas coisas normais que os alentejanos de gema trazem na mala. Isto para além de camisas, cuecas, meias e outras peças de roupa, e as prendas para os filhos e netos.

Safaram-se alguns bocados de pão, uma caixa de empadas e outras duas de azevias, com que a gente ainda pôde regalar o dente. Mas mais nada. E durante vários dias, de vez em quando lá nos lamentávamos pelas tão desejadas iguarias, que andariam a visitar sabe-se lá que latitudes e temperaturas!

Já se faziam anedotas a própósito do possível cheiro nauseabundo, que,entretanto, atrairia a atenção olfactiva dos funcionários, e que accionaria uma autêntica campanha de segurança máxima, alerta vermelho, alarmados com a hipótese de existir um cadáver já em avançado estado de decomposição lá dentro! E eis senão quando, ontem, exactamente cinco dias depois do acontecido, a dita mala é entregue, sã e salva, à nossa porta.

Bem. Não vou contar aqui o destino dado às saborosas iguarias, algumas já em estado duvidoso, para não impressionar os estômagos mais sensíveis. Só vou dizer que se amanhã o lixo não for recolhido, como aconteceu hoje, corremos o risco de disseminar uma nuvem de cheiro tóxico aqui nas redondezas. O que vale é que aqui as ruas não cheiram propriamente a flores, e assim ninguém notará.

E pronto, está contada a aventura! Resta dizer que estamos todos bem e de saúde, e que o pão foi a única coisa comestível que ficou! Abençoado pão! Ah!, e o doce de abóbora que a minha mãe fez, muito bom também!

Mas estou para aqui só a falar de comida, até parece que somos uns pobres esfomeados! O melhor de tudo foi a surpresa de os termos cá, que a surpresa menos boa da mala não conseguiu estragar.

Muitos beijinhos para todos daqui de bué bué longe :)))

4 comentários:

Unknown disse...

Beijos, beijos aqui de buéréréré de longe!!!!
Um Óptimo Ano Novo para ti doce Papu e para a tua família linda.
beijinhos

Anónimo disse...

Bom... Que a dita mala do galo caseirinho se tinha perdido já sabia, pois o meu pai correu logo a contar-me a dita desgraça... Mas o que eu não sabia é que essa mala não era só do galinho... Meu Deus... Que ricas iguarias.. até me fizeram água na boa... só de pensar nas filhozes... as azevias... ai ai ai... sim porque do bacalhau ainda não tenho saudades... dada a proximidade que tenho do mesmo... Mas e o resto... ai ai ai... enfim... Melhor não pensar mesmo... o que realmente importa é a companhia e disso tens toda a razão... Muitos beijinhos e muito obrigada pelo teu cartão... Já vi que aderiste por completo às tradições inglesas ;)... Estou certa que o natal foi repleto de alegria e desejo que o proximo ano seja ainda melhor que este com muitas coisinhas boas para voces os 4!!!
beijinhos dos 3
Sofia, M e C

Anónimo disse...

Papu, obrigada e desejo o mesmo para ti e família.
beijinhos :)

Manuel da Mata disse...

Tenho praticado com prazer o pecado da gula; porém, recomendam-me os clínicos muito juizinho. A mim, obviamente!, leitor interessado de Rabelais.
Obrigado, papu, pelos comentários que, de certo modo, são um estímulo.
Que 2007 seja um ano feliz e próspero para todos.
Manuel