terça-feira, dezembro 19, 2006

OS MEUS FILHOS


adoram o pai. Mal o vêem, mas nem por isso ele está ausente. Não, não está. Está bem presente: nas perguntas

«Ondi foi o pai?
Ondi tá o pai?»

e no desapontamento evidente com a resposta de que foi trabalhar. Nas saudades que se sentem.

Quando ele está são as risadas, as guerras de almofadas, as lutas, as batalhas de cócegas, os saltos, enfim, uma algazarra que às vezes me deixa à beira da loucura, a mim, a desgarrada no meio de três espécimes do mesmo género.

Para o Diogo a mãe ainda é o astro fundamental do firmamento, mas o David há muito que já habita outras galáxias, onde os amigos e o pai, sem dúvida, são as estrelas mais brilhantes. A mãe é a lua, e o pai o sol.

O meu filho participou numa peça de teatro na escola, e eu só pude ver o ensaio geral com o Diogo. As sessões eram ao fim da tarde e não admitiam crianças com menos de sete anos. Como andamos sempre com os horários trocados, eu fui de manhã ao ensaio com o Diogo e o pai foi à noite. Eram dois dias, e no segundo dia o pai já não podia chegar tarde ao trabalho, e para ele não ficar sem ninguém conhecido na platéia eu resolvi convidar uma amiga com o filho para irem ver. Ele delirou. Só entrava quase no fim, e no máximo eram uns cinco minutos, mas delirou. A peça era com as crianças dos júniores da escola: os anos 3, 4, 5 e 6. Eles são os mais novinhos e por isso ainda não têm grandes papéis.

E eu, que não estive lá, fiquei toda inchada de orgulho só de imaginá-lo e acho que as minhas palmas também soaram nos ouvidos dele. E quase que lhe vi os olhos brilhantes à procura dos do pai entre as muitas cabeças de outros pais e mães. E fiquei a sorrir a vê-los rir, aos olhos dele, como eu tenho a certeza que riram de satisfação por ter o pai - o seu papá - a vê-lo.

Disse que não estive lá? Enganei-me.

1 comentário:

Alex disse...

li este teu texto no dia de Natal e fiquei a sorrir.
Compreendo muito bem o que queres transmitir.

És uma mãe fantástica.