sábado, janeiro 20, 2007

ALMA LEVE


Ai a alma das casas...

Não há nada mais deprimente do que procurar casa para alugar neste país.

Não, esperem, tenho que rectificar: não há nada mais deprimente do que procurar casa para alugar neste país, e pertencer à classe baixa (ou média baixa).

Tenho pena de não ser arquitecta, ou engenheira, ou perceber de construção civil, para vos conseguir descrever o estado destas casas, que já têm dois ou três séculos, algumas, e não sei quantas obras de manutenção em cima.

A melhor imagem que tenho para vos dar é esta: imaginem uma manta de retalhos, velha, podre, as costuras soltas, o tecido já quase em pó, comido pela traça. Agora imaginem tiras de veludo, seda, linho, tudo colado a cuspo por cima, para embelezar, para esconder os buracos das traças.

Esqueçam. Acho que não dá para imaginar.

Mas o mais deprimente é perceber que não vai ser nada fácil, e talvez seja mesmo impossível, sair desta casa, para já.

E sabem que mais? Gosto da alma desta casa. Apesar de tudo. Apesar de contar os dias para sair daqui, quando o sol bate nas janelas eu sinto-me em casa. É inexplicável, mas é assim.

E de súbito apercebo-me de que há coisas muito mais importantes. Coisas tão importantes como as saudades que se sentem, encurtar as distâncias, tornar a ausência mais suportável, dar um abraço nas pessoas que estão tão longe mas perto do coração.

Mas dar um abraço de verdade!

2 comentários:

Mila disse...

"Quando se ama de verdade não há longe nem distância"....Mas então e o calor daquele abraço?

Alex disse...

daqueles ...