sábado, julho 14, 2007

Às vezes fico zangada

Estou farta de frases soltas que me chegam aos ouvidos, estou farta de ler nas entrelinhas de silêncios e olhares e palavras enviesadas, estou farta do olhar crítico que adivinho tantas vezes sem precisar de encará-lo, estou farta dessa mania que algumas pessoas têm em achar que sabem sempre mais da vida dos outros do que os próprios outros, estou farta, farta, farta. Se fosse eu já estava, e fazia, e acontecia, e para que é que estás a adiar, e para quê tanto tempo, o quê, mas ainda não estás, devias era isto e aquilo e aqueloutro, e comigo era assim e assado e frito e cozido, e só não dizem que eu no teu lugar, mas é o que se subentende, e para que as coisas fiquem bem claras, muito pouca gente (ou nenhuma das que conheço) já alguma vez esteve no meu lugar: num país estrangeiro, com uma língua estranha, e com dois filhos pequenos às costas, sem apoios nenhuns. E por sem apoios nenhuns entenda-se: ninguém, num raio de não sem quantos mil quilómetros. Nem mãe, nem pai, nem irmãos, nem primos, nem tios, nada. E sim, conheço algumas pessoas aqui, até há familiares do meu marido nas redondezas, mas isso não muda o panorama, porque de nenhum deles me posso servir como apoio. Entendido?

Desculpem, mas isto tinha de sair. Estava aqui encravado. Foi só um desabafo, pronto.

2 comentários:

Edelweiss disse...

Mas que cómodo! Eu penso e tu escreves o que eu penso... obrigada!

Alex disse...

Escreve zangada, escreve como quiseres mas nunca, nunca te cales.