segunda-feira, novembro 19, 2007

Eu e eles, eles e eu

Eu grito.
Eles gritam.
Nós gritamos.

Às vezes é mesmo só de entusiasmo.
Às vezes é raiva.
Às vezes é...

Eles saltam, e correm, e saltam, e correm
e eu mando-os parar
eles atropelam-se
mas atropelam-se mesmo.

O David leva tudo e todos à frente
magoam-se, caem, dão cabeçadas
e choram.

Falam, falam, falam. Só dizem disparates.
Falam por cima de mim, falam ao mesmo tempo que eu quando me estou a zangar com eles.
E não acho graça nenhuma.
E zango-me e gaguejo
e eles riem-se na minha cara e eu zango-me ainda mais.
Ponho-os de castigo. Grito. Ameaço.
O que vale é que ninguém me percebe senão já tinha a comissão dos social services à porta.
Estão-se a rir?
Aqui é assim.
Se o menino na escola disser que o pai lhe bateu, eles não fazem mais nada: contactam imeditamente os serviços sociais.
Não chamam o pai nem a mãe, não verificam se a criancinha tem marcas no corpo, nada.
Fazem um telefonema.
E depois eles telefonam-nos a nós.
Se não for nada não há problema.

Bom, mas onde é que eu ia?
Sim, eles chagam-me a paciência todos os dias. Todos os dias.
E às vezes fico rouca. Eu.

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