sexta-feira, dezembro 21, 2007

Carta aberta à Editorial Presença

Exmo. Sr ou Sra:

Este mail tem por objectivo comunicar o meu espanto relativamente ao facto de existirem alguns erros de tradução na edição do Harry Potter (Harry Potter e a Pedra Filosofal), o que me parece realmente uma coisa inacreditável, dada a importância que este livro adquiriu, até a nível mundial, e que se traduz pelo seu extraordinário sucesso de vendas. Como é que é possível que, num livro que é traduzido, revisto, editado e, posteriormente, lido por milhares de pessoas, ninguém ainda se tenha apercebido destes erros, essa é a minha questão.

(Ou será que se aperceberam? Mas então, porque é que eles continuam lá, para quem os quiser ver - neste caso ler - quase dez anos depois da primeira edição?)

Eu ainda não acabei a leitura do livro em Português (já o li em inglês) mas até agora já encontrei os seguintes exemplos de lacunas:

pág 43: " Encarrapitada num cume de um rochedo, estava a cabana mais miserável que imaginar se pode."
(esta expressão, "que imaginar se pode", aparece numa outra página, que não consigo agora precisar).

Ora, esta frase, que imaginar se pode, está obviamente mal construída, e deveria ser substituída por que se pode imaginar. A frase ficaria, então, "(...) a cabana mais miserável que se pode imaginar."

pág 50: " - E tiveste mesmo pouca sorte em teres crescido no seio d'uma família dos maiores Muggles qu' alguma vez conheci."

Nesta frase não existe propriamente um erro, antes uma incongruência, quanto a mim. É uma fala do Hagrid, o gigante, que fala atabalhoadamente, com sotaque, e come as palavras. Ora, na boca deste personagem, a expressão "no seio de uma família" parece completamente despropositada. Uma pessoa que fala como ele não usa expressões como "no seio" de alguma coisa. Vá lá que dissesse "no meio d'uma família" ou apenas "numa família...", agora, "no seio" não combina de forma nenhuma com a sua maneira de falar. É como se pusessem o Voldemort a dizer algo simpático ou o Snape a piscar o olho ao Harry.

pág 65: "O duende tinha cerca de quarenta centímetros a menos de altura que Harry."

Como é evidente, esta frase deveria ser: " O duende tinha cerca de quarenta centímetros de altura a menos que Harry."

Não, não sou tradutora nem trabalho no ramo. Sou apenas uma leitora interessada e atenta. E acho um verdadeiro escândalo que este livro esteja mal traduzido para a língua portuguesa. Se fosse eu o autor, mudava de editora. Desculpem a franqueza, mas acho inadmissível que uma coisa destas aconteça.

Muito obrigada pela atenção dispensada.

Com os melhores cumprimentos


Sim, escrevi e enviei por mail. E, depois de ter enviado, já encontrei mais (pág. 185):

"Harry sabia que quando, na tarde seguinte, Ron e Hermione lhe desejassem boa sorte, antes de ele entrar para os vestiários, nenhum deles tinha a certeza absoluta de voltar a vê-lo vivo."

Nesta frase, para se manter esta estrutura, terá de se modificar o tempo do verbo ter, tinha, por teria, e colocar correctamente o "quando":

"Harry sabia que, na tarde seguinte, quando Ron e Hermione lhe desejassem boa sorte, antes de ele entrar para os vestiários, nenhum deles teria a certeza absoluta de voltar a vê-lo vivo."

Ou então poder-se-ia escrever a frase de outra forma:

"Quando, na tarde seguinte, Ron e Hermione lhe desejassem boa sorte, antes de ele entrar para os vestiários, Harry sabia que nenhum deles teria a certeza absoluta de voltar a vê-lo vivo."

6 comentários:

Ana G disse...

Boas festas, Papu :)

papu disse...

obrigada Ana :)

Anónimo disse...

ola papu, tal como tu tambem vivo em Londres e passo me com as tra ducoes, em especial dos filmes.Nao sei se tens TV Cabo mas aqui a dias passou uma serie policial com a Helen Mirren e a dada altura ela perguntava a uma miuda @entao mas porque e que ela fez isso@ e a miuda responde@entao porque ela foi a casa de banho@ Isto e a traducao. A resposta da miuda no original foi@Because she was pissed off@Que tal? nao achas que esta bate os recordes? Um Bom ano para ti.Nao tenho blog (por enquanto)mas se quiseres trocar ideias
o meu mail e: trafaria_jo@hotmail.com

Pedro Ruivo disse...

LOL!!!!
Digamos que essa foi uma tradução correcta politicamente à letra.

Silvia Magalhaes disse...

Olá, só por curiosidade, a Editorial Presença respondeu? Este ano enviei um e-mail com um levantamento de todos os erros de tradução que encontrei no último livro de Nicholas Sparks. A leitura do livro facilmente se tornou numa "caça ao erro", e posso dizer que encontrei dezenas de erros. A resposta que me deram foi que já se tinham apercebido desses erros e que agradeciam a minha atenção! Fiquei indignada com a falta de profissionalismo desta Editora e com a falta de atenção para com os consumidores. Acho que o mínimo que poderiam fazer seria publicar uma nova edição corrigida e permitir a troca do livro carregado de erros, por um novo livro que pudesse ser lido convenientemente.

papu disse...

népias, nunca me responderam...