sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Ar de parva

Digam-me lá, mamãs: quando alguém mete conversa com os vossos rebentos, assim as simpatias-em-pessoa que por aí andam, e ele, ou eles, os vossos rebentos, fazem cara emburrada e respondem torto (ou não respondem de todo), o que é que vocês fazem? Qual é a primeira coisa que vos sai da boca, disparada, que o vosso cérebro nem tem tempo de processar? Pensem lá...

Imaginem a cena:

«Olá! Estás bom?» pergunta a simpatia-em-pessoa.

E o/a piqueno/a, nada... nada...

E vocês, sem se conseguirem conter:

«Olá! Estou bem, obrigada!»

É ou não é? Não ficamos com aquele hábito de responder por eles, vindo de lá do passado, de quando ele ou ela eram um bebé de colo e, como não podiam responder aos cumprimentos das pessoas, a gente lhes emprestava a voz? Serei eu a única?

Bom, não sei. Talvez seja. Ultimamente, tenho sentido que sou mesmo um bicho raro. Porque aqui se chego com o Diogo, ou com o David, e alguém diz, dirigindo-se a eles, Hello, how are you?, ou, Did you have a nice week-end?, não é mesmo suposto eu responder. Mesmo que ele persista num silêncio teimoso, de cara fechada, e a simpatia-em-pessoa se esteja a desfazer em sorrisos.

É claro que eu tenho a compulsão de responder. E então lá levo assim com um olhar meio de esguelha, de onde espeita um ponto de interrogação. Às vezes dizem mesmo, Not you!, em situações deste tipo. Quendo perguntam, por exemplo, Do you like this?, ou Do you like that?

Um dos meninos que não veio aos anos do Diogo escreveu-lhe uma carta, e eu no outro dia encontrei a mãe e agradeci-lhe o gesto, e depois, obviamente, fiz o mesmo com o miúdo. Mas ela disse logo: "Oh, I didn't write anything!". E eu lá fiquei com aquele ar de parva.

Sem comentários: