Pois eu acho que nós pensamos demasiado nas coisas. Planeamos tudo, ao minuto, é uma obsessão tremenda! Eu também, claro, e esforço-me bastante por manter rotinas, mas às vezes começo a achar que só quando me esqueço, ou não tenho tempo, ou acontece algo assim fora das regras, é que começo realmente a ser mãe - isto é, a viver, viver e deixar viver, deixar correr o tempo, acordar mais tarde e encontrá-los sentados no sofá a jogar sem terem tomado o pequeno-almoço (que horror! Pode-lhes baixar a glicémia!), ficar sentada com eles, debaixo do cobertor, a vê-los naquela compulsão cheia de tiques e outros maneirismos aberrantes (ai os neurónios dos gaiatos que ainda ficam feitos num oito...), ou simplesmente a olhar para o céu e a ver as nuvens a passar até serem já quase horas de almoço, mas o que é isso, almoço? Isso só lá para as quatro, cinco da tarde. E nem é preciso haver sopa e segundo prato e fruta como nos dias-sim (ou não, depende da perspectiva), porque hoje é sábado. E se calha comemos umas bolachinhas antes do ovo estrelado e batatas fritas para além da conta e ainda encomendamos uma pizza porque não me está a apetecer nada, nada ir enfiar-me na cozinha a fazer jantar. Perdão, disse jantar? Essa palavra é proibida, porque hoje é sábado!
Mas assim, estão a perceber? Sem programar nada, e a detestar-me a cada minuto que passa, porque devia masera deixar-me de merdas e levantar o cu do sofá e ir para a cozinha fazer sopa, que merda de mãe sou eu? E as proteinas, e as vitaminas, e aquelas coisas todas, e as calorias a mais, que horror! Assim mesmo, com o complexo de mãezite-perfeita aguda a espreguiçar-se descaradamente por debaixo do quentinho do cobertor, enquanto me morde discretamente os calos. Que eu até posso ser uma militante nata, daquelas que têm de picar o ponto todos os dias, maníaca incurável e obsessiva obstinada, mas estou a começar a aprender umas coisas. Fechar os olhos e esquecer-me de que sou mãe (ou lembrar-me de que não sou só mãe).
2 comentários:
gostei do ponto de viata do post ;)
às vezes pensamos mesmo de mais...
Pois é, minha querida filha, não tens um único dia em que alguém te diga, vem almoçar connosco, estamos à vossa espera para jantar...e tanta falta e tão bem que nos sabe um mimo desses! Mas tu tens sido forte...e assim vais continuar. Vai-te lembrando de ti,pois atenção e bem estar dás tu bastante aos teus filhotes. Beijinhos
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