acordei com frio.
A caldeira está avariada.
Ainda não vieram repará-la. Vêm hoje.
Eu já não me lembrava do que era acordar com frio.
Ou melhor, lembrava-me, mas nunca mais tinha sentido.
E lembro-me, claro. Muito, muito mais frio do que o desta noite. O frio branco e liso dos lençóis, os sete ou oito cobertores pesados que não chegavam para nos aquecer o corpo. Metíamos a cabeça debaixo daquele peso, sentíamos a cara gelada, e esfregávamos as mãos uma na outra, com força, para conseguirmos aquecer. E quase sempre, tinhamos aos pés o calor de um saco de água quente, que antes tinha aquecido um pequeno rectângulo do lençol, na zona abaixo da almofada, e que era sempre tão pouco.
Os pés às vezes queimavam, por baixo das botinhas grossas de lã, que a minha avó tricotava. Os pés a arderem e o resto do corpo enregelado.
E não, não estávamos em Inglaterra, nessa altura.
1 comentário:
Deixa estar que aqui por Portugal de manhã também não é Verão!
;o)
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