terça-feira, outubro 14, 2008

Dava uma trágico-comédia...

Tenho uma vizinha eslovaca, que mora no cimo da rua, e que também tem os miúdos lá na escola.
Uma das casas, no cimo da rua, foi posta à venda. Vivia nessa casa uma velhota, já bastante velha. Ela diz que costumava vê-la às vezes, cá fora a regar as plantas, ou então, através da janela, sentada à mesa a tomar chá. Para aí uma semana antes de ela morrer, tinha-a visto cair para o lado, enquanto tomava o chá. Isto tudo através do vidro da janela. Estava então a senhora a beber o seu chá, sentada na sua poltrona, quando, de súbito, a cabeça teria caído para trás, tendo ficado assim, como que adormecida (ou morta?), de boca aberta. A minha amiga correu a chamar o marido: ela está morta! Temos de avisar alguém! O marido não estava convencido: pode estar só a dormir! Vamos embora, olha se ela acorda e nos vê aqui especados a espiá-la? Se amanhã ela ainda estiver na mesma posição, pensamos nisso.
Bom, no outro dia a velha estava de novo a pé. O marido da minha amiga ria-se: estás a ver? Olha se tivéssemos chamado a polícia!
Uma semana depois, a senhora faleceu, de facto. Uma coincidência estranha, que deixou a minha amiga a pensar em coisas macabras. Entretanto, e havendo uma sua amiga que precisava urgentemente de mudar de casa, começaram a conjecturar qual seria a altura ideal para perguntarem à família se não estariam a pensar em alugar a casa. Acabaram por desistir da ideia, claro, por acharem o momento nada adequado.
E o imprevisto aconteceu: no dia do funeral, uma hora depois (uma hora, jura ela, a minha amiga, a pés juntos), estavam os trastes e tarecos da velha todos à porta, metidos dentro de sacos de plástico pretos, e foi posta uma placa no muro da frente: for sale.
Pois é. E eles a pensarem que não era o momento adequado... Fogo!

Sem comentários: