segunda-feira, novembro 17, 2008

Atenienses e Espartanos trogloditas com muita baba à mistura (de mãe, pois claro)

Parece que andam a estudar a Grécia Antiga, pois. E então compararam os costumes atenienses e espartanos, em relação à celebração do casamento. Apesar de, nos dois casos, a mulher não ter escolha (o casamento era combinado e as mais das vezes elas nem conheciam o noivo), os espartanos acrescentavam um requinte de crueldade à cerimónia: o noivo rapava o cabelo da noiva, ela vestia-se de homem e tinham de lutar os dois, cabendo ao homem a vitória (a mulher era obrigada a perder a luta, o que também não devia ser difícil de acontecer, digo eu, dada a brutalidade conhecida destes guerreiros, treinados desde os sete anos. Bom, elas também tinham treinos - algumas também deviam ser umas boas matarruanas. Mas adiante). Em Atenas, os casamentos eram celebrados dentro da normalidade, sem estes excessos. Fazia parte do treino dos guerreiros espartanos serem chicoteados em público, para assim aprenderem a controlar a dor.

Perante estes factos, principalmente em relação aos rituais do casamento, as miúdas protestaram, enquanto alguns miúdos acharam graça. Interrogados mais directamente, alguns admitiram tratar-se de actos de crueldade. O mais curioso, porém, estava para vir. Quando perguntaram a cada um, onde preferiam viver (imaginando que viviam naquela época), todas as miúdas preferiram Atenas e todos os miúdos preferiram Esparta... Todos, excepto um. Apesar de os outros rapazes se terem rido da sua escolha, ele foi capaz de a anunciar e manter.

E disse mais. Falou de uma ocasião em que Atenas teria pedido ajuda a Esparta, pois estava a ser atacada, e os Espartanos não mexeram uma palha... porque estavam a celebrar um festival qualquer! Imagina, estavam pessoas a morrer e eles não os ajudaram por causa de um estúpido festival (palavras dele).

Nunca foi uma criança agressiva. Não gosta de lutas. De vez em quando dá umas cacetadas no irmão, mas desconfio que é mais por causa dele (o irmão) o provocar. Não gosta de jogar futebol. As colegas dele dizem que é o rapaz mais bem comportado da sala (sei-o de fonte segura - as mães de algumas miúdas). Mas não fica de parte do grupo de rapazes, como cheguei a temer que acontecesse devido a estas características. Não, pelo contrário, tem o seu grupo de amigos, bastante diversificado, até. Porém, e apesar de se relacionar bem com os amigos, nunca deixa de ser ele próprio nem de tomar atitudes que possam ir contra a opinião dos amigos - e isto dito pelos professores.

Hoje disse-lhe que estou muito orgulhosa dele. Que foi muito corajoso em ter manifestado aquela opinião, apesar dos risos do resto do maralhal. Porque ser capaz, com a idade dele (e nesta fase de meninas para um lado e meninos para outro; meninas bargh, e outras pérolas do género), de fazer frente à chacota dos outros e assumir uma posição mais sensível e mais humana - porque é disso que se trata - em conjunto com as meninas, é um feito. Um grande feito. Um enorme feito. Ou não é?

É muito mais corajoso do que andar a rebolar pelo recreio ao murro e ao pontapé. Revela força de carácter, muito mais preciosa do que a força dos músculos. Coisas que a maior parte dos homens (ou uma grande parte, vá) descobre tarde de mais, ou nunca chega a descobrir. Para mal deles.

E isto, isto é muito mais importante do que a inteligência. Podes até deixar de ser um ás a matemática, como és; podes um dia deixar de gostar de escrever ou até dar erros de ortografia; podes portar-te mal, ou mesmo dar uns tabefes na cara de quem merece levá-los. Podes roubar chocolates da lata sem eu ver, ficar horas no computador e na x-box, sujar a carpete, comer rebuçados na cama depois de ter lavado os dentes; podes zangar-te e gritar de fúria quando te sentires injustiçado, e mentir cada vez que tiveres medo das consequências. Mas não deixes, nunca, de ser essa pessoa que és, em que te estás a tornar, todos os dias em que cresces mais um bocadinho, filho. Essa pessoa que já és, sensível ao sofrimento alheio e capaz de pensar pela sua própria cabeça. Isso é o melhor que tens, filho, nunca o percas. Isso é o que fará de ti, tenho a certeza, um Homem, assim com H grande.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns David.
Parabéns Papu. Estás agora a colher os frutos da maneira como os educaram tu e o Emanuel.
Também eu fico orgulhosa quando sei dos sucessos dos teus rapazinhos.
Muitos bjs para todos da marilena