sexta-feira, julho 10, 2009

Use your fingers

Outro dia tive de fazer uns testes de matemática e inglês. É em alturas destas que me lembro do meu passado de estudante e da quantidade de testes que fazíamos, com alguma admiração. É que acabei aquela porcaria com uma dor de cabeça infernal. Também não admira - tive de vasculhar nos neurónios, à procura de coisas como cálculo de áreas, perímetros, até o teorema de pitágoras!
Às tantas dei por mim a contar pelos dedos, assim à socapa, para ninguém perceber. Acho que isto é um problema mais ou menos universal, na minha geração e noutras também - quando contamos pelos dedos achamos que estamos a fazer batota, e tentamos esconder tamanha vergonha de não saber fazer contas de cabeça. Ora aqui, nas escolas, passa-se o contrário: são os professores que incentivam o uso dos dedos, quando os miúdos não conseguem lá chegar. Use your fingers!, estão sempre a dizer.
E de facto é demasiado óbvio. Os dedos são mesmo a ferramenta mais à mão - estão mesmo ali na mão - quando se trata de visualização espacial. Porque é disso que se trata, e de uma vez por todas, vejamos se nos entendemos: para aprender a fazer contas as crianças primeiro têm de visualizar no espaço. Não adianta de nada ensinar-lhes a tabuada se elas não entenderem primeiro o que é multiplicar - entender visualizando no espaço. Vendo. Mexendo. E querem coisa melhor para ver a mexer que os próprios dedos?
Deixemo-nos de vergonhas. Contar pelos dedos não é sinal de burrice, é sinal que se é inteligente o suficiente para usar as ferramentas que temos à mão. Os auxiliares não boicotam, ajudam a estruturar as ideias, o pensamento, o raciocínio.

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