domingo, agosto 30, 2009

Respirar

Respirar. Fechar os olhos. Ouvir o tique-taque do relógio. Abrir os olhos. Respirar. Sair. Dar dois dedos de conversa, ou antes, o braço todo, e talvez as pernas e os pés também. Ir jantar fora. Conversar. Mas conversar de verdade, com um interlocutor, ou mais, sem ser dentro da cabeça. A fantasia é muito boa mas às vezes cansa. Respirar mais um pouco. Olhar o rio. Lisboa ao longe, Lisboa ao perto. Lisboa está bonita. As minhas amigas também. Respirar fundo. O cheiro do rio, sempre presente. Sair. Sair à noite. Sem crianças. As crianças, longe, coisa tão rara que já nem sei como é. Conversar, sair, ir jantar fora, ir ao cinema. Fitas na rua. Um filme muito bom, e visto ao ar livre, ainda por cima. Lisboa está bonita. Ainda mais bonita vista lá de cima, da capela de são jerónimo, à noite, o rio negro iluminado pelas luzes de tantas cores. Os vidros do carro abertos para a frescura da noite. O cheiro dos pinheiros. Respirar. Fechar os olhos. Ir aos pastéis de belém. Há quanto tempo não ia aos pastéis de belém. A noite e as pessoas na rua, muita gente na rua, está uma noite daquelas. Daquelas que me lembro de calcorrear estas ruas sem sentir a dor nos pés. Agora isso já não é possível, não sentir a dor. O resto, é sempre possível. Basta respirar, e fechar os olhos. E não esquecer de abri-los, depois.

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