sábado, outubro 10, 2009

Escolas e outras coisas

Continuamos a ver escolas, e, apesar de já estar um bocado farta de tantas andanças (percorremos a escola de uma ponta à outra) continuo pasmada com o que vejo. E digo outra vez, agora é que eu queria andar na escola. As pessoas hoje andam muito preocupadas com a violência nas escolas, mas está-me cá a parecer que acontece com este problema o mesmo que acontece com muitos outros: sempre houve, mas só agora é que se fala disso. E fala-se tanto que realmente dá a impressão que a coisa assume proporções gigantes. Ora eu, que nesta altura já visitei (quantas? Deixa-me cá pensar...) aí umas cinco ou seis escolas, ainda não vi uma única cena de violência. Podem-me dizer que o comportamento dos miúdos não será o mesmo com visitas na escola, pois a mim o que me espanta é precisamente que, durante estas visitas, em que bandos de pais e filhos e até bebés passeiam pelos corredores, à mistura com os estudantes enquanto estes mudam de sala, não aconteçam acidentes do tipo, miúdos a correr desvairados e a levarem tudo à frente. É que é mais ou menos esta a imagem que guardo da minha escola preparatória e depois secundária, do pessoal em correria desenfreada pelos corredores, empurrões, encontrões e coisas piores. Pois o que tenho visto são corredores cheios onde é difícil deslocarmo-nos, mas nada de encontrões nem de atropelos, tudo muito ordeiro, pedidos de desculpa e com licença, uma maravilha. E não pensem que tudo ordeiro quer dizer tudo em sentido como se estivessem na tropa; não senhor, há risos, conversas, barulho, movimento, enfim, vida.
Geralmente o que se ouve por aí é que no meu tempo é que era bom. Pois eu digo o contrário: no meu tempo era uma porcaria. Comigo, por exemplo, a escola falhou redondamente. No quê? Não, não foi a nível académico. Mas a escola é muito mais do que isso, do que transmissão de conhecimentos. A escola tem de preparar para a vida. No que é que falhou? Eu digo: não me ensinou a acreditar em mim nem nas minhas capacidades. Não me incutiu auto-estima nem confiança em mim mesma. Não me valorizou como pessoa nem como sujeito activo na minha própria aprendizagem. Desenvolveu muito pouco o espírito crítico e a auto-reflexão. Não me encorajou nem me apoiou nas minhas fraquezas. Não fomentou o espírito competitivo positivo. Não fomentou o sentimento de segurança nem de pertença. Em suma, e em termos pessoais e sociais, um verdadeiro falhanço.
Muita gente continua a achar que o que as crianças encontram em casa é muito mais importante do que o que encontram na escola. Só que as crianças crescem e deixam de ser crianças. É claro que a família é o alicerce mais importante de uma pessoa, mas a escola é talvez o segundo. Na adolescência é preciso sair de casa e ir ao encontro do mundo.
Não, o mundo não está cada vez pior. O mundo é um lugar cada vez melhor. As coisas mudam para melhor, sim.

4 comentários:

ana disse...

Depende das escolas e da comunidade em que estão inserida. Eu ainda sou uma optimista em relação à escola - afinal é na escola que passo a maior parte do meu dia e é ali que tenho as minhas maiores responsabilidades. Se não fosse uma optimista (embora haja dias melhores que outros), não sei o que andaria ali a fazer.
Na escola sou feliz, apesar da indisciplina que vamos vendo, dos problemas coocados pelos pais e da falta de condições que temos a vários níveis.
E sim, concordo que a escola deve ser o segundo lugar mais importante para as crianças.

L.T. disse...

pois eu já não penso bem assim. aqui no brasil, pelo menos, não andam.
e além do mais, acho muito importante esta preocupação com a violência nas escolas, muito embora, acho que aí na europa se fala e violência sem nunca tê-la visto de verdade. agora se tu entrasse numa escola brasileira, qualquer que fosse ela, ficaria escandalizada! poque aqui não só os aluno brigam de faca, como levam armas para a sala e aula, como batem e até, volta e meia, matam os professores depois da aula, porque os próprios alunos traficam dentro da escola e não se aprende coisa alguma. e estou falando de escolas centrais e não de meio de favelas. há crianças que cursam a quinta série e ainda não sabem nem ler, nem escrever o básico. a escola nao dá a mínima lição de auto-estima, auto-confiança ou seja lá o que for e nem professores, muitas vezes, dão. vai se para a aula e se volta 3 horas depois. motivo: falta de professor.
é mesmo uma vergonha... e não estou inventando porque eu mesmo e muitos amigos meus estudaram nesas escolas. mas sobrevivemos.
fico até com inveja desses teus posts. queria eu poder nem que fosse só conhecer uma escola assim!

papu disse...

aqui tb as vezes ouve-se falar de armas e um que foi esfaqueado e o diabo a quatro. em portugal tb se fala disso. nao digo q nao exista, o q digo e q qd uma pessoa ouve essas coisas fica assustada (eu tb) mas dp de ir as escolas vim de la com a sensacao de q isso nao e de todo a norma. e q, se calhar, de tanto se falar nisso a coisa como q aumenta de proporcoes. a realidade brasileira nao conheco claro. obrigada pelos comentarios

Edelweiss disse...

Tens toda a razão, a escola não me ensinou nada para além de decorar matéria para os testes. Ando obcecada com escolas, cheia de dúvidas sobre qual será a melhor solução para o futuro dele, se deixá-lo mais um ano em periodo de transição se mudá-lo já para o ano para o sistema português para mais tarde o choque não ser ainda maior. Um peso no coração ( e na carteira).