domingo, janeiro 03, 2010

A flor do imbondeiro



Varro o chão para apanhar as migalhas e outras pequenas porcarias. O chão fica limpo. Se o quiser sempre limpo, tenho de estar constantemente a varrê-lo. As poucas coisas permanentes nesta vida são o resultado da repetição. Os gestos repetidos exigem esforço, dedicação, às vezes paixão. Não que alguém se apaixone por um chão limpo. A gente repete porque gosta, porque conseguiu o que queria, porque o efeito foi o desejado. Ou então não e repetimos para ver se conseguimos desta vez o tal efeito com que sonhamos. Há os que nunca alcançamos e não passarão disso mesmo: sonhos. Há os que conseguimos agarrar e, quem sabe, talvez depois de colhidos os frutos não tenham aquele sabor que imaginámos. Provalvelmente são aqueles que lá ficam, nos ramos das árvores, para sempre a tentar-nos, os mais apetecíveis. De qualquer forma, sem refrescar de vez em quando a boca, que é como quem diz, sem ver e sentir o resultado do nosso empenho, não há motivação que aguente.
Esta conversa toda é para vos desejar um bom ano, cheio de motivos e realizações, e, mais importante que tudo, de sonhos, muitos sonhos pendurados nas árvores. De cabeça para o ar, como a flor do imbondeiro.

2 comentários:

jao disse...

E de coisas como as que tu escreves. Sentir a tua sensibilidade e recebê-la embalada nesta renda deliciosa e tão agradável de seguir.

Obrigado Papu.Um bom ano para ti e com muita escrita.
tio João

papu disse...

Olá tio. Um bom ano para vocês também. Beijinhos.