sexta-feira, fevereiro 19, 2010

O mistério da passagem do tempo

Afinal fomos comprar os peixes hoje (não andam por aí os gajos da liga para a protecção dos peixes, não?), e nem sequer nos perguntaram nada, pelos vistos isto varia de loja para loja. De manhã medimos os níveis da água, e como estivesse tudo dentro do normal recomendável, achámos que não havia perigo para as criaturas. O Diogo ficou abismado com a quantidade de peixes que viu, e não sabia qual escolher; eu já tinha previsto uma cena assim, porque sempre que tem de escolher qualquer coisa, quanto mais variedade, pior. Com a ajuda de aqueles não pode ser porque são de água quente; aqueles também não porque são do mar, lá trouxémos um par de goldfishes dentro de um saco de plástico que abanava que se fartava ao meu colo com as lombas da estrada, por pouco chegavam cá prontos para a caldeirada. Agora parecem felizes e contentes dentro do novo habitat. Fiz um peixe de salame de chocolate e enfeitei-o com cobertura de chocolate, com um daqueles sacos pasteleiros, tudo de plástico, que se compra no supermercado. Dantes enfeitava muitos bolos mas era com uma seringa, muito mais profissional, pois, com esta porcaria, para além de ficar toda cagada, ainda fico à rasca das mãos, que aquilo tem de se apertar e torcer que é uma coisa parva. Tanto chocolate junto o melhor é acompanhar com uma tarte de maçã, uma coisa assim pouco doce para equilibrar. Acendemos as velas e cantámos os parabéns com os avós a espreitar-nos e a fazer coro, assim houve mais vozes e palmas no fim, que isto o skype faz maravilhas a quem está longe. Ando da cozinha para a sala e sinto as calças cair; já apertei o botão duas vezes, o que é um mistério, porque quando me olho ao espelho acho que estou mais gorda. Um mistério igual ao da passagem do tempo, o mesmo que me arregala os olhos no corpo do meu filho, tão grande que está, aquele mesmo corpo que saiu cá de dentro. Cá de dentro?

2 comentários:

Lelena Lucas disse...

São muito boas suas narrativas. E viva a tecnologia que nos permite essas proximidades!
Beijo

Edelweiss disse...

Os botões das calças não mentem, são o melhor medidor de gordura!