domingo, fevereiro 28, 2010

"Uma casa na escuridão"

Na memória a longo prazo cabem anos inteiros de amnésia. Anos inteiros de dias tingidos de branco, uma névoa densa, compacta, com um cheiro forte a vento suão. Nas narinas o tremor do medo. Nos ombros o negro dos teus cabelos. Na boca a dor nos dentes, maléfica, urgente. Palavras pela noite dentro; a noite inteira dentro do peito; e lá fora um luar sem estrelas que nos dilate a pupila nas franjas da escuridão. Sem rosto, sem horas, apenas dias claros, a lua redonda no céu, e o espanto de quem sabe, de quem viu, porém não estava lá. Nem em parte alguma.

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