domingo, março 21, 2010

Não o posso deitar fora

Produzo electricidade estática em demasia. Já pensei em ir ao médico perguntar se é normal, mas ainda me internam. Os cabelos espetam-se-me e estou sempre a apanhar choques, nas pernas das cadeiras quando me levanto, nas portas dos carros, nas torneiras e nos puxadores das portas. Também dou choques, é um perigo fazer festas na cabeça dos miúdos ou beijar o meu marido. Às vezes pergunto-me que raio de energia é esta que me circula nas veias, será que sou aparentada com as tempestades, os raios e os trovões? Bem, às vezes, por acaso sinto assim umas ganas cá dentro e umas vontades de desatar a espingardar e a mandar raios a torto e a direito, é verdade. Talvez esteja, com o tempo, a ficar mais eficiente a exprimir o que me vai na alma.
O pior é quando me ponho a pensar na possibilidade de atrair tormentas, desgraças e outras coisas assim de carga negativa. Sim, porque já se sabe que as cargas opostas atraem-se, e se eu ando para aqui a acumular, tipo bateria de automóvel ou outra treta qualquer, o natural será começar por aí a esbarrar com todo o tipo de coisas inimagináveis. E se começo a atrair os raios das trovoadas? Abrenúncio. Eu, que dantes não tinha medo nenhum de trovoadas, agora tenho que me pelo. Talvez seja o poder da atracção... Devo ter herdado o medo da minha avó, que era a pessoa que tinha mais medo de trovoadas que alguma vez conheci. Depois com o passar dos anos, a doença do meu avô e a dela deve ter ficado sem tempo sequer para se lembrar que existiam trovoadas. E foi mais ou menos aí que me passou o medo. Não é que me importe, é assim como guardar algo dela comigo. Enfim, podia ser pior.
E na verdade comecei a ter medo dos relâmpagos quando vivia na rinchoa, numa casa a cair de velha que ficava lá no alto e quando havia trovoada parecia mesmo que ia cair um raio em cima da casa. Uma vez caiu um lá perto e há um tempo tinha caído na casa da vizinha, que ficava do outro lado da rua e era muito mais baixa (a casa). Portanto, a história das probabilidades. Depois mudei de casa e trouxe o medo nas algibeiras.
Não o posso deitar fora.

2 comentários:

tilena disse...

Também eu tenho esse problema de apanhar e dar choques quando toco em alguém. Claro que não é sempre, senão já tinha morrido electrocutada ou electrocutado alguém! Abrenúncio!

Só me falta é o jeito que só tu tens para descrever as coisas mais insignificantes...

Alex disse...

ah, conheço alguém assim ...