quinta-feira, abril 15, 2010

Outro filme

Vou à casa de banho lavar as mãos. Primeiro, não encontro o lavatório. O espaço é exíguo e não cabem duas pessoas no corredor, pelo que tenho de esperar que outra mulher saia. Lá entro e vejo o lavatório dentro do cubículo com a sanita. Para entrar quase que tenho de saltar para dentro da sanita, uma vez que a porta, ao abrir, não permite que um corpo se acomode no pouco espaço que sobra. Vou para abrir a torneira e não a encontro. É uma daquelas que abre e fecha sozinha. Ponho as mãos por baixo e a água corre, abundante e quente. Estes gajos aqui têm sempre água quente nas casas de banho. Deve ser porque a fria é gelada, mas também não precisavam de exagerar. Além disso é um desperdício de energia. Adiante. A água para de correr e ensaboo as mãos. Coloco-as novamente debaixo da torneira, à espera de sentir o jacto quente, e nada. Mau. Ponho as mãos mais para a frente. Mais para trás. Para a esquerda. Direita. A torneira continua muda. Olho a minha perplexidade no espelho e depois as mãos, cheias de espuma. Como é que vou sair da casa de banho assim? Agito-as em desespero, bato na torneira, sai um fiozinho de água que não chega para enxaguá-las. Volto a abaná-las. Ai a minha vida. Nada a fazer. Ainda bem que há papel higiénico. Saio a praguejar contra estas tecnologias da tanga. Como as luzes que se apagam passado um tempo de uma pessoa estar quieta, e quando estamos a fazer assim algo mais demorado às vezes nos deixam às escuras, tendo de fazer a figura patética de abanar os braços até aquela porcaria acender outra vez. Uma vez aconteceu-me e aquilo também não havia meio de acender, quase que tive de me levantar e dançar a valsa, o que é deveras incómodo naquela situação.

Sem comentários: