quarta-feira, maio 26, 2010

Extra-terrestre

Falas-me e eu ouço-te, incrédula, como se me falasses de outro mundo. Bebo-te as palavras e no entanto estranho-as. Tanto que estranho. Talvez seja eu que sou de outro planeta, quiçá outra galáxia, a anos luz de distância. Nunca tive essa proximidade, essa confiança. Nunca foi possível falar de nada com serenidade, nem das coisas banais. Um universo completamente desconhecido. Lembro-me de quando era mais nova, catorze, quinze anos, e inventava estórias, como sempre desde que me conheço por gente, e nos diálogos entre amigos tinha de inventar tudo, tudo, estás a perceber?, porque não sabia o que era ter amigos de verdade, não sabia como falavam, como se comportavam as pessoas umas com as outras, quando as ligava esse sentimento misterioso. É exatamente a mesma estranheza de agora. Não sei como se faz. Não sei como se diz uma coisa destas.

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