quinta-feira, maio 13, 2010

Razões

O sol bate-te nas costas.
A árvore a teu lado parece sussurrar-te qualquer coisa, na linguagem primordial dos vegetais.
Sentes a sua presença como uma proteção. Um anjo da guarda, de tronco secular, cabeleira verde e frondosa.
O relvado está verde, e perde-se de vista. Vês os carros passarem, longe.
O ruído não chega para manchar a paisagem.
O sol esconde-se por detrás de uma nuvem. Sentes frio. A arvore continua a falar-te e quando olhas para ela, para a sua abóbada de ramos e folhas acabadas de nascer, sentes uma vertigem.
Imaginas a fundura de um abismo.
A nuvem começa a destapar o sol. Vê-lo progredir no relvado, lentamente, o verde acendendo-se em tons dourados, as sombras desenhando-se em verde escuro. Caminha ao teu encontro. A sombra da árvore a teu lado rasga-se, e depois a tua. O sol a bater-te nas costas. De novo.

Há sempre infinitas razões para o modo como te sentes, como te vês, como gostas ou não gostas do que vês.
Podes é desconhecê-las.
E nunca as conhecerás a todas.

Porém, quando te batem na cara, é como se uma árvore ancestral te sussurrasse ao ouvido.

2 comentários:

Lelena Lucas disse...

Nem sei o que dizer. Obrigada, minha amiga!

papu disse...

:)