terça-feira, julho 06, 2010

Trial day

Deixá-lo de manhã na nova escola, na companhia de um rapaz mais velho, que muito prontamente o acompanha para lá dos portões e para longe da minha vista. Adivinhar-lhe o nervosismo na queixa de frio nas pernas. Deixá-lo, e ficar a sentir o sol bater nas pestanas, e uma espécie de orgulho misturado com alguma angústia disfarçada de serenidade. Ou o contrário. Ontem a reunião estava animada, uma sala cheia de pais e mães e irmãos mais novos, e os discursos foram simpáticos e acolhedores, e eu senti aquela sensação cálida na boca do estômago a desfazê-la, à angústia. Apesar disso, ela disfarça-se em maneirismos habituais, como afagar o cabelo e sorrir mesmo por cima da comichão na garganta que sabemos que advém do facto de estarmos no meio de uma sala cheia de estranhos. E tudo é novo, novinho em folha, e como isso pode ser irritante e cansativo, gerador de dor e confusão, quando o conhecido já se tornou no porto de abrigo. O medo ataca-nos assim, mascarado de dúvida (eu devia estar com medo... Estou com medo?), e depois gargalhamos em silêncio para dentro, claro que estamos com medo, que parvoíce, e isso de repente não tem importância nenhuma, porque é como reencontrar alguém, alguma coisa que já vimos; aqueles primeiros tempos aqui, aqueles dias difíceis que hoje são uma bela lembrança. Bela mesmo, sem exagero, que outro dia andei a ler os textos com que iniciei o blogue e aquilo é uma delícia. Depois damos por nós a implicar com a gravata e o raio do uniforme, e tentamos mais uma vez disfarçar gracenjando, nem sabemos fazer o nó da gravata, ahah, que isto vai ser bonito. E a seguir estamos no portão da escola, e ele, o nosso filho, lá vai todo seguro de si, e nós ficamos a pensar que no dia em que entrámos para a escola secundária não tínhamos ninguém à porta a receber-nos. Nem à porta nem em lado nenhum. E depois metemos a mão no bolso, acariciamos a angústia e deixamos o orgulho transbordar, está quase, só faltam uns dois mesitos e o meu filho está na secundária, na escola dos grandes. Don't take all the blame, dizia ontem o headteacher, entre risos, a propósito do crescimento deles, they are not going to be you, they are a different person, just be there for them. And enjoy. That's it. Enjoy, digo eu.

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