terça-feira, setembro 14, 2010

Tempo de sobra


















Sobra-me o tempo, e não sei que fazer dele.
Sobram-me os dias, as horas, o entendimento.
Sobra-me a tarde, a escorregar de mansinho para a noite.
Sobram-me os sonhos.
Sobra-me a linha nos novelos.

Sobra-me o tempo, e não sei onde encontrá-lo.
Sobram-me horas intactas nos bolsos, e no entanto
Procuro-as convencida de que as deixei algures
Esquecida.
Sobra-me a memória.
Sobra-me a história.
Sobra-me a vida.

Sobram-me as palavras, e não encontro as que procuro.
Sobram-me os significados, e nada entendo do que vejo.
Sobram-me os dedos, em complicados preceitos.
Sobra-me o olhar.
Sobra-me o esquecimento.
Sobra-me a dor, que não cabe no peito.

1 comentário:

Manuel da Mata disse...

Interessante. A mim vaime faltando tudo. E em primeiro lugar, a paciência.