terça-feira, novembro 23, 2010

Quente











Quando estou com os azeites, ponho-os em lume vivo, para que fervam. Junto alho e cebola picada e deixo alourar. Quando começa a estalar, é sinal que está no ponto. Então refogo a paciência, ou a falta dela, juntamente com os fígados e seus variados humores, daqueles que deixam um travo amargo na boca. No fim junto sal e pimenta, e malaguetas vermelhas, que a vingança, por mais que nos tentem convencer do contrário, só faz justiça quando servida a quente. O prato pode até ser intragável, mas é meu.

2 comentários:

Alex disse...

isto é mais uma sopa de letras, fumo e emoções. Eu também atiro com tudo para a panela, outras vezes, chego a atirar a panela ao chão, depois passa ... no fundo, são coisas sem importância quando comparadas com outras mais graves ...


tenho frio, apetecia-me uma sopa quente!

papu disse...

Quando nada tem importância, perdemos as referências. Nada tem importância porque o mais importante não está lá, ou é ignorado. Nada tem importância, porque nada é mais importante do que aquilo que nos falta. E assim, tudo tem importância, porque tudo nos relembra aquilo que nos falta...

Beijos