domingo, novembro 14, 2010

Os domingos sempre me deixaram nostálgica

O domingo escorre-me vagaroso, preguiçoso, pelas costas, pelas pernas, e enrosca-se, cabisbaixo, junto aos pés. Posso sentir-lhe o bafo da respiração nos calcanhares, um calor que me afasta por momentos a dor crónica nos ossos. Baixo-me, estendo os braços e pego-lhe ao colo, aninhando-o de seguida no regaço. Acaricio-lhe a pele por detrás das orelhas, como aos gatos de outrora, e quase lhe ouço o ronronar molengão. Podia adormecer nesse gesto. Os olhos, porém, recusam-se a fechar. Perseguem, lá muito ao fundo, uma luz moribunda.

2 comentários:

Manuel da Mata disse...

Muito bonito este texto.

papu disse...

obrigada, Manel :)