Olha afinal sou gémeos
Isto só prova que a astrologia, enquanto ciência, é muito pouco credível, e tem muito mais de fé do que outra coisa. Até hoje andávamos a encontrar sentido em traços de carácter e predisposições gerais e percursos de vida, alguns até em predições para o futuro, professados por esta ciência (eu incluída) e agora prova-se, cientificamente, que o fulcro da questão, onde todas as teorias assentam, estava errado, e por conseguinte todas as previsões e interpretações, desfazadas. Eu, por exemplo, descobri que pertenço a um signo do ar e não da água; mas acho que continuo a ser um signo da água, e contra isso batatas. Se isto não é muito mais uma questão de fé (e saber intuitivo) que de ciência, então a minha ideia de ciência (ou de fé) deve estar equivocada. Que os astros nos influenciam não tenho dúvidas nenhumas (apesar de não poder prová-lo cientificamente), mas não acredito que seja pela posição do sol e dos planetas no momento em que viémos ao mundo. As constelações são conjuntos de estrelas a milhares de milhões de anos-luz, em constante movimento; como diabo podemos adoptar então o conceito de posição? Aliás, no universo tudo se move a um ritmo alucinante, a começar por nós, pela terra, que gira em volta do sol à velocidade louca de não sei quantos mil quilómtros por hora; como é que podemos falar de posição, ainda que relativa, de qualquer coisa em determinado momento? No fundo, se calhar, ainda estamos, ainda que insconscientemente, mergulhados naquela crença infantil que tudo gira à nossa volta, que somos o centro do universo; só assim o conceito de posição adquire consistência e significado. Copérnico e Galileu bem que podem dar voltas na tumba: as suas descobertas, sem dúvida revolucionárias, só atingiram e iluminaram a nossa parte racional: no cérebro primitivo ainda somos isso mesmo, primitivos homens (e mulheres) das cavernas. Não acho, porém, que isso seja mau em si. Nem acho que haja uma dicotomia irreconciliável entre os sentidos e a razão. A ciência, afinal é o apogeu da nossa necessidade de procurar explicações para as coisas e, por conseguinte, de criar, inventar. É nisso que somos bons, afinal: a inventar teorias, dogmas, deuses, e a venerá-los. Devíamos, talvez, acreditar mais em nós e venerar antes o nosso poder de criar. Quem sabe não é ele que vem das estrelas?
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