sábado, fevereiro 23, 2013

O folhetim das novas tecnologias (e não só)

E o que lhe interessa, afinal, o que as pessoas pensam? Se lêem ou se não lêem? Se acham que tem uma imaginação doentia? Se pensam que está maluquinha? O que é que isso muda na sua vida? Está tão farta de ver os amigos aos status. O que gostam, o que pensam, o que dizem, o que ouvem, o que comem, o que vomitam, o que cagam. Os amigos querem-se ao vivo e a cores. Olhos nos olhos. Que é para percebermos logo o que estão a pensar. Ou o que não estão a pensar. Os silêncios. As músicas. Os vídeos. As anedotas. As fotografias. Isto dava uma telenovela, um filme. Um melodrama. A vida está-se nas tintas para essas merdas. Ela, se pudesse, também. Porque, para ela, os amigos não têm nada de virtual. O que é virtual e aberrante é as pessoas não se falarem, não se tocarem, não se verem, não se enxergarem, não se conhecerem. O que é aberrante é ela não poder dizer o que pensa, o que sente. A rendição coletiva às aparências. A vida aos quadradinhos. As máscaras. O carnaval. E depois os silêncios. Ou as palavras. Tentar decifrar as entrelinhas. Será que pensam que está maluquinha? Ou que tem uma imaginação doentia? Um exercício penoso, absurdo, maquiavélico. Mas a vida está-se nas tintas para essas merdas. A vida é só uma, e é para quem ousa pegá-la pelos cornos. Os que não ousam podem sempre contentar-se com a merda do folhetim.

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