Em Inglaterra, nas escolas primárias, não há livros escolares. As salas de aula estão cheias de livros: contos e rimas infantis, estórias com e sem ilustrações. Há-os em toda a parte, desde a creche ao sexto ano, devidamente adaptados à idade das crianças. Depois cada escola tem a sua biblioteca. Só encontramos livros escolares na escola secundária. Estes, no entanto, são propriedade da escola, e transitam de ano para ano, passando de mão em mão, entre os alunos.
Deste modo, é possível um percurso escolar sem gastos em
livros. Com o material passa-se a mesma coisa: as salas estão repletas de
gavetas cheias de tudo o que é necessário. Tesoura, cola, tintas, pincéis,
papel, canetas, lápis, borrachas, afias, réguas, esquadros, compassos,
transferidores, sólidos geométricos, papéis de fantasia para corte e colagem,
jogos variados destinados a auxiliar a aprendizagem, tudo o que possam
imaginar, está na escola. Os livros auxiliares são disponibilizados em
fotocópias, e cada criança tem um caderninho de merceeiro, chamado «homework
book», onde o trabalho de casa é anotado e feito.
Também não se fazem ditados para contar os erros. Fazem-se
livros: primeiro escreve-se a estória, depois monta-se a estrutura: páginas,
desenhos, lombada, capa, tudo cuidadosamente colado e cosido. Os mais novos
controem livros em 3d, cujas páginas se transformam nas paredes de uma casa ou
de um castelo; paredes cheias de desenhos de todas as cores e palavras ainda
incertas, letras em espelho e muitos erros. Mas esses não se assinalam a
vermelho, porque fazem parte do caminho da aprendizagem, e o mais importante é
que a casa tenha bons alicerces. As crianças aprendem quando a sua capacidade
de criar é valorizada. Quando vêem os seus trabalhos expostos e apreciados, ao
lado do orgulho que a escola lhes alimenta nesse gesto. Quando os agentes
educativos não têm medo de elogiar, não vão os miúdos ficar convencidos de que
a vida é um mar de rosas. A vida é um mar que se conquista navegando.
6 comentários:
Felizmente vai havendo algumas escolas assim em Portugal!
:)
Mas raras ( daquele raro precioso )
E não publicas…..
Onde o importante é que se seja feliz!
Em que se tomam decisões em conjunto.
Em que se dividem responsabilidades com as crianças no seu proprio percurso educativo.
Onde os pais são sempre bem vindos, a qualquer hora, para almoçar, para participar numa aula, para ir levar aquele brinquedo precioso que sabiamos ser tão importante particularmente naquele dia….
Sim1
Há escolas assim em Portugal!
Mas poucas!
È bom poder voltar a ler os teus posts no Blog.
bjnos
s.
Olá Papu
Há uns anos, penso que quando o teu filho mais velho entrou na escola, escreveste um post que eu nunca mais esqueci. Referias o facto de não haver manuais e de como a escola procura incentivar a leitura e a escrita ao contrário do nosso método, antiquado e obsoleto. Continua a dar-nos o teu testemunho de mãe num país diferente do nosso. Assim aprendemos alguma coisa. bjs
(os meus filhos também não ativeram livros até ao 4º ano)
Papucita
Adivinhaste os meus pensamentos. O meu telefonema tinha como motivo primeiro pedir-te para publicares no face precisamente o que tu aqui acabaste de deixar no blogue. Depois perdi-me com a história do meu blog e passou-me da ideia. Até estou parva com a coincidência!
Faltou frisares o modo como estudam sem precisar de carregar pesos às costas como acontece aqui.
Se puseres no face é mais divulgado.
Alguém disse que o mesmo já acontece em Portugal. Não conheço e não deve ser escola pública...
Pois… publicas não conheço….
Privadas, ou cooperativas de educação, há algumas!
(falando de 1º ciclo)
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