sexta-feira, outubro 21, 2005

APPOINTMENT WITH THE TEACHER

E lá fomos, eu e o David. Éramos para ir todos, mas o Diogo tem estado febril e teve de ficar com o pai em casa. Subimos à sala do David onde a professora ainda estava a falar com outros pais, e aguardámos um bocadinho.

E finalmente chegou a nossa vez. Sentámo-nos nas cadeirinhas pequeninas e lá ficámos a conversar. Ela disse que o David está muito bem, que já tem um amigo com quem brinca habitualmente e com quem faz par para algumas actividades, que é o Dominique (ele já tem falado desse menino). Disse que no princípio ele estava mais isolado e que ela teve a preocupação de encorajá-lo a brincar com outros meninos e a juntar-se a um grupo no recreio. Gostei que ela tivesse começado por aqui, pois também sou de opinião que é a parte mais importante.

Ele é muito bom na matemática, tem um raciocínio muito rápido. Na escrita também está a fazer progressos espantosos, embora precise de trabalhar alguns aspectos gramaticais, tais como tempos verbais, que ele não domina tão bem pelo facto de o inglês não ser a sua primeira língua.

Eles aqui têm uma prátca que acho interessante: em algumas actividades dividem as crianças por grupos, consoante o seu ritmo de aprendizagem e o seu nível de aquisição de conhecimentos. A cada grupo atribuem uma cor. Há actividades em que trabalham com o grupo como um todo (sem estas divisões) e há outras em que dão tarefas diferentes a cada grupo. Normalmente as diferenças estão relacionadas com a dificuldade da tarefa, pois todos sabemos que as crianças são diferentes e que o que é fácil para uma pode ser difícil para outra. Esta divisão permite, por um lado, que as crianças com um ritmo de aprendizagem mais rápido tenham tarefas mais estimulantes, e que aquelas que aprendem de uma forma mais lenta não sejam constantemente confrontadas com a frustração e que obtenham igualmente sucesso. Isto é, adapta-se o nível de dificuldade das tarefas às características individuais de cada criança. E as crianças não estão sempre no mesmo grupo, portanto não há o perigo de serem rotuladas! Na matemática podem estar, por exemplo, no grupo com as actividades mais fáceis, mas na literatura ou na leitura podem estar no médio ou no mais alto.

Enquanto a professora falava, o David tinha os olhos baixos. De vez em quando ela metia conversa com ele e ele não levantava os olhos, respondia com sim, ou não, ou com uma frase curta. Fiquei com a impressão que eles têm uma boa relação, acho mesmo que é a timidez dele a manifestar-se. Também me lembro de me sentir assim, quando os meus pais estavam por perto. Às vezes as crianças sentem-se mais à vontade se não tiverem o olhar dos pais sobre si. É claro que ele estava contente e satisfeito por estarmos a falar dele e me estar a mostrar os seus trabalhos, mas é uma situação facilmente constrangedora para eles, exporem-se e sentirem-se expostos desta forma. Mesmo quando são elogiadas e apreciadas, as crianças podem sentir-se pouco à vontade, envergonhadas, sem graça. Eu lembro-me bem de ser assim tal e qual! (E às vezes ainda sou...)

Escusado será dizer que estou toda babada por ver a minha cria a abrir as asas e a levantar voo debaixo de um sol brilhante de confiança e afectividade, em direcção ao céu imenso da liberdade e da autonomia. E quero ficar assim, a vê-lo voar, cá de baixo, do ramo da árvore, a vê-lo voar e a velar pelo seu voo, na luz dos dias e na escuridão das noites. Quer dizer, de mãe galinha passar a mãe coruja. Por enquanto!

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