segunda-feira, julho 23, 2007

Dias cinzentos

O que é que eu estou aqui a fazer?


O cinzento lá fora cola-se-me à pele. À boca do estômago

(porque é que é na boca do estômago que sentimos o medo? Como a azia? A azia faz-nos arder as paredes do esófago, assim como o medo nos faz arder a face estranhamente estática da quietude...)


à boca da alma.



O cinzento come-me a tranquilidade aparente
aquela com que me visto todos os dias
aquela que penteio
procurando domar a ansiedade incontrolável de saber
que me visto de mentira.


Todos os dias.


Um cansaço sem fim...


Tanto que queria um pouco de silêncio...


Mas o cinzento grita, mas o cinzento chora, mas o cinzento não me deixa dormir.


Fecho os olhos com força,


mas o cinzento acorda-me



(mas o que é que eu estou aqui a fazer?
Devia era estar a fazer a mala!


Às vezes parece que fico disléxica! Não vos acontece?
Olho para o que escrevi e não reconheço as palavras. Está aqui um erro, penso, e procuro-o, em vão. Não há erro nenhum. São os meus olhos que estão perdidos, longe, a outras palavras. Àquelas que nunca me saíram das mãos.)

1 comentário:

Alex disse...

Acontece, claro que me acontece. Ainda ontém aconteceu, escrevi sem cabeça e sem palavras, um vazio, uma sensação de estar completamente OCA. E olha o resultado!

Mas tu, e eu, nunca nos preocupámos com o que nos sai pelas mãos, com o que nos sai pelas teclas, com o que nos sai do coração. Quando damos por isso, olha, já cá está fora ;)

Vem amiga, vem depressa, faz as malas porque está um tempo FABULOSO por cá! Finalmente.

Espero-te :)))))))))))