O que é que eu estou aqui a fazer?
O cinzento lá fora cola-se-me à pele. À boca do estômago
(porque é que é na boca do estômago que sentimos o medo? Como a azia? A azia faz-nos arder as paredes do esófago, assim como o medo nos faz arder a face estranhamente estática da quietude...)
à boca da alma.
O cinzento come-me a tranquilidade aparente
aquela com que me visto todos os dias
aquela que penteio
procurando domar a ansiedade incontrolável de saber
que me visto de mentira.
Todos os dias.
Um cansaço sem fim...
Tanto que queria um pouco de silêncio...
Mas o cinzento grita, mas o cinzento chora, mas o cinzento não me deixa dormir.
Fecho os olhos com força,
mas o cinzento acorda-me
(mas o que é que eu estou aqui a fazer?
Devia era estar a fazer a mala!
Às vezes parece que fico disléxica! Não vos acontece?
Olho para o que escrevi e não reconheço as palavras. Está aqui um erro, penso, e procuro-o, em vão. Não há erro nenhum. São os meus olhos que estão perdidos, longe, a outras palavras. Àquelas que nunca me saíram das mãos.)
1 comentário:
Acontece, claro que me acontece. Ainda ontém aconteceu, escrevi sem cabeça e sem palavras, um vazio, uma sensação de estar completamente OCA. E olha o resultado!
Mas tu, e eu, nunca nos preocupámos com o que nos sai pelas mãos, com o que nos sai pelas teclas, com o que nos sai do coração. Quando damos por isso, olha, já cá está fora ;)
Vem amiga, vem depressa, faz as malas porque está um tempo FABULOSO por cá! Finalmente.
Espero-te :)))))))))))
Enviar um comentário