domingo, janeiro 27, 2008

Visitas

Às vezes, quando saem da escola, vêm cheios de ideias.
«Vamos a casa do T...»
«Mãe, posso ir a casa do W...?»
«Podemos ir a casa da E...?»
Cheios de ideias e entusiasmo. E eu lá lhes explico que não, não podemos, não podemos ir a casa de alguém sem sermos convidados... E como raio é que se explica isto? Como é que podemos fazê-los entender estas regras tão... tão...

Nem sei que nome usar. Porque no segundo a seguir já estou eu a pensar e geralmente o pensamento leva-me para longe como o vento. Realmente, que estupidez! Evidentemente que as criancinhas nunca vão entender uma coisa destas, porque de facto não tem uma explicação plausível...

Eu sou do tempo em que se ia bater à porta de alguém sem se ser convidado. E ainda me lembro bem daquela sensação estranha de ouvir a campainha da porta quando não se esperava por ninguém. Era uma expectativa ("Quem será?") acompanhada de uma excitação enorme. E depois a grande surpresa de receber uma visita inesperada.

Hoje em dia ninguém se atreve a fazer uma coisa destas, pois não? Tudo tem de ser marcada com a devida antecedência, para evitar situações desagradáveis, como chegar a casa de alguém que ainda está de pijama ou algo pior... Ou aquele olhar na diagonal que nos mostra claramente que estamos a infrinjir alguma regra básica da boa educação.

Pois eu acho que estamos a perder a espontaneidade. E acho que os miúdos têm razão: não há nada melhor do que receber uma visita inesperada de alguém de quem se gosta. Há pessoas que são sempre bem-vindas a nossa casa, quer estejamos em pijama, no banho ou a lavar a casa-de-banho. E a surpresa tem sempre um sabor especial.

Sem comentários: