sábado, junho 14, 2008

Noite

As manhãs andam a doer-me. É assim uma dor fininha, que se instala por baixo da pele, rente à superfície. Talvez seja da luz da madrugada, não sei. A luz que apaga as estrelas cedo demais e que me rouba o negro dos sonhos. As estrelas não iluminam, apenas acendem ainda mais a noite. 

Depois, na planura das tardes, quando o sol derrama o calor na copa das árvores, aquela dor bate as asas e abandona-me os braços, deixando atrás de si um assombro de penas e um rasto húmido e vago de orfandade. E é então que me vem aquela saudade, de algum sítio muito longe que não sei precisar, aquela saudade que me beija a boca e abraça e enlaça até eu quase sufocar.

E é então que o lago da noite dos teus olhos me salva.

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