terça-feira, outubro 07, 2008

Coisas soltas

No outro fim-de-semana, uma mulher foi atacada por dois cães, à noite, no cimo da minha rua. Num sítio onde, quando os vou buscar a pé, passo todos os dias. Eu nem sabia de nada, mas andava intrigada por ver, de há uns tempos para cá, uns quantos polícias e carros da polícia ali em cima. Noutro dia passámos de carro e estava uma carrinha estacionada, com um satélite no tejadilho. Afinal, era uma carrinha de reportagem, e ontem vimos nas notícias o que se passou. Ela foi mordida numa perna e num braço, mas vai ficar bem, felizmente. É pianista, e é amiga da mãe de uma colega do David, que por sua vez toca violino. O dono dos cães pirou-se, sem sequer ter prestado qualquer socorro. Horrível. Uma pessoa até fica com medo de sair à rua.

Entretanto, iniciei um novo curso, de Counselling Skills. Eu, que já tinha posto um ponto final nos cursos, mudei subitamente de ideia. E acho que fiz bem. Acho que é o contexto ideal para melhorar o meu inglês, ligado à minha profissão. Uma das minhas colegas é mãe de dois miúdos da escola deles. A mais velha, que está agora no 4º ano, esteve na minha sala no 2º ano, quando comecei o meu voluntariado.

E hoje encontrei-a na piscina, eu muito parva a olhar para ela, a pensar se era mesmo ela ou não (em fato de banho, cabelos e cara molhados, é difícil reconhecer uma pessoa), e depois as nossas gargalhadas quando por fim nos reconhecemos (eu de touca e óculos de natação também não devo ser muito fácil de topar, não). Lá ficámos uns minutos na conversa, entre braçadas e mergulhos.

Coisas boas, coisas más, mas, em todas elas, começa a haver uma ligação, um laço, ainda que às vezes ténue, entre mim e elas. É a minha rua, são os meus amigos, os amigos dos meus amigos. Começo a sentir, aos poucos, que também pertenço aqui. E isso é bom, é estranho, e um pouco inquietante, tudo ao mesmo tempo.

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