sábado, março 21, 2009

Eu não gosto de segregações

mas parece que aterrei no país da segregação.
Os miúdos deixam a escola primária quando passam para o sétimo ano, e as preocupações (pré-ocupações) começam mais ou menos um ano e meio antes. Que é onde nos encontramos agora, pois.
Palavra que não entendo. Num país onde a diversidade e a integração cultural é uma preocupação constante, isto não devia acontecer, acho. É que se já é uma dor de cabeça encontrar uma escola secundária, assim torna-se uma epopeia.
A saber: temos escolas católicas e não católicas (não faço a mínima ideia se existem escolas de outros credos religiosos); escolas para rapazes e para raparigas, além das mistas (felizmente) e depois temos as grammar schools e as normais escolas secundárias. Grammar schools são escolas secundárias para alunos de um nível mais elevado. Para se ser admitido tem de se fazer uns testes especiais (denominados de 11+), e como cada escola só admite cerca de 180 novos alunos cada ano, o resultado tem de ficar entre os 180 melhores. (Também há grammar schools para rapazes, para raparigas e mistas). 
No borough onde moro não existem grammar schools (não me perguntem porquê), de maneira que a mais próxima fica aí a um quilómetro de distância (talvez menos). 
O David quer ir para uma grammar school. Isto porque o irmão de um amigo anda lá e o amigo também vai. Eu não me importo que ele vá. Depois começo a ouvir as mais diversas opiniões e ainda fico mais baralhada. Uns dizem que as grammar schools são melhores que as outras. Outros dizem que lá a única preocupação são as notas e o sucesso escolar e que a pressão é imensa. Faz sentido, e não me apetece muito enfiar o meu filho numa escola que tenha como principal objectivo manter o nível elevado a qualquer custo. Faz-me pensar no capitalismo extremo: a lógica do lucro levada às últimas consequências.
Já fui ao site de várias grammar schools e não me parecem de todo escolas apenas interessadas nos resultados dos alunos. Têm diversas actividades, como música e drama, e estão principalmente empenhadas em promover o desenvolvimento individual dos seus alunos. Incluem no currículo o ensino de pelo menos duas línguas estrangeiras (o que neste país de gente que só fala inglês é algo notável). 
Eu não gosto de segregações, nunca gostei. Acho que a escola devia ser a mesma para todos. Mas acho também que anda muito preconceito por aqui. A maioria dos pais com que falo não frequentou nenhuma dessas escolas. Portanto, não conhece a realidade. O que dizem é consequentemente produto de um preconceito (pré-conceito). Esses pais que se indignam com o facto de a escola dividir os miúdos mais inteligentes ou com melhores notas (com um mais alto nível económico, na opinião de alguns, porque podem pagar a quem lhes prepare os filhos para o 11+), são os mesmos que têm as meninas nas escolas para raparigas ou os meninos nas escolas para rapazes. A segregação de género já não os incomoda tanto. Eu nunca gostei de segregações; aliás, abomino-as; mas já que estou no país da segregação, prefiro que o meu filho vá para a grammar school (se ele quiser) do que para uma escola só para rapazes. Ou para uma escola católica. Se não passar o 11+, vai para uma secundária normal. Mista.
E depois de escrever tudo isto, ainda mais me convenço que tudo isto é uma anormalidade.

3 comentários:

LP disse...

Papu, eu acho que há disso em todo o lado, não tem é nome. Cá também existem as tais escolas especiais, muito bem pagas. Alguns são mesmo boas, outras nem por isso. Assim como as normais (públicas) - algumas são boas, outras nem por isso. A escolha da escola há-de ser sempre uma dor de cabeça e depois uma sorte. Continuo a achar que o mais importante é o equilíbrio que eles têm em casa.

Anónimo disse...

Mas é q isto aqui é o ensino público. Nem sequer falei no privado. :P :)

papu

Anónimo disse...

tambem ha escolas para judeus mistas e unisexo e tambem para muculmanos nao sei se sao unisexo ou nao.