quarta-feira, março 04, 2009

The lost coat which was not lost after all

Normalmente, se me vê sem casaco, a minha mãe acha logo que o perdi. Aliás, digo mal: não acha; ela tem a certeza. Como é possível ela estar certa de uma coisa que ainda não aconteceu é um mistério para mim. Mas deve ser um desses mistérios presentes na cabeça de qualquer filho. Ora hoje, quando passou por mim no recreio e me viu sem o casaco, deve ter pensado que talvez o tivesse perdido. Como não o encontrou pendurado no cabide ao lado da mochila, quando subiu para trazer as minhas coisas, depois de ter ido buscar o meu irmão ao ginásio, imediatamente concluiu que sim, com certeza, o casaco estava perdido. Como é uma mãe prática e previdente, resolveu subir ao segundo andar antes de descer, uma vez que, se estivesse realmente perdido, teríamos de voltar a subir lá acima para procurá-lo nos cabides da minha sala. Isto sempre com o meu irmão atrás que, coitado, já devia estar farto de tanta subida. Uma vez lá em cima, e como não o encontrasse, resolveu descer até cá abaixo, novamente, para procurar nas salas onde costumamos mudar de roupa quando vamos para o ginásio, pois é aí que habitualmente colocam os casacos que ficam esquecidos no recreio. Mas do casaco, nem sinal. Aposto que nesta altura já estava furiosa e que deve ter praguejado alguma coisa em português, para que ninguém entendesse. Saiu então porta fora, à espera de nos encontrar, só que o recreio estava vazio! É que entretanto nós já tínhamos subido, e quando cheguei lá acima a professora disse-me que a minha mãe tinha acabado de subir. Subi então eu também ao segundo andar, onde não encontrei ninguém. Voltei a descer, a tempo de a professora me avisar que ela, a minha mãe, estava cá em baixo a tocar à campainha. Corri escada abaixo, eu e o meu casaco, ao encontro da cara de surpresa dela, sem querer acreditar que o casaco estivera comigo o tempo todo. Enfim, e como ela diz, coisas de mãe.

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