sexta-feira, abril 10, 2009

"Sei lá"

Aqui há tempos um atrasado mental qualquer, desses que por aí há aos montes nesta blogocoisa, aventou que eu tinha aprendido a escrever a ler a Margarida Rebelo Pinto. Supostamente, era uma ofensa, mas, para falar a verdade, não me ofendeu assim por aí além, pois até à data nunca lera uma linha sequer da dita senhora, o que fez com que não me sentisse atingida de maneira nenhuma. O comentário não foi agradável mas passou-me ao lado.
Bom, tenho de dizer que nunca simpatizei com a dita senhora, nem com a sua escrita, mas isto mais baseada em opiniões ouvidas, a maioria delas vindas de pessoas que muito prezo dentro do mundo da escrita, do que propriamente por conhecimento de causa. A verdade é que quem nunca leu nada não pode tecer grandes considerações. Pode adivinhar, pode intuir, pode extrapolar, mas o que é facto é que é tudo baseado em suposições.
Ora, eu nunca gostei de falar daquilo que não sei. Por isso hoje já posso dizer com convicção e conhecimento de causa: não gosto da escrita da Margarida e na minha opinião aquilo é muito mau. Nem eu tinha imaginado que acharia aquilo tão mau. E não é por estar mal escrito (descobri algumas gafes no texto mas até pode ser erro de impressão, sei lá) mas principalmente devido à pobreza de conteúdo. O mundo que ela relata é oco, fútil, desinteressante; um mundo feito de personagens sem densidade psicológica e completamente idiotas, onde os maiores problemas existenciais se resumem ao facto de a camisa não combinar com as meias ou à cor dos sapatos que levam à festa. Podemos argumentar que há mundos e pessoas assim, claro que há, e que também merecem ser retratados, porque não? Nada contra, mas quanto a mim o retrato não está conseguido. Não acrescenta nada, não nos traz nenhuma perspectiva diferente, não tece uma crítica, apenas se limita a espelhar uma realidade já de si desinterassante.
O enredo é o de uma telenovela, mas daquelas beras, de muito má qualidade. Há telenovelas que, ao pé daquilo, são excelentes dramas humanos. A escrita dela não tem profundidade, não tem conteúdo, é sempre igual e desenxabida. Lembra-me aquelas conversas fúteis que às vezes temos com alguém apenas para passar o tempo. Ou aquelas séries idiotas que vemos na TV quando estamos tão cansados que não nos apetece gastar neurónios. O que me parece é que o mundo interior da Margarida Rebelo Pinto é de uma pobreza de dar dó. Todos os escritores escrevem sobre si mesmos e sobre os seus mundos - o que acontece é que geralmente esses mundos são ricos e é dessa riqueza que nascem as boas estórias. 
É a minha opinião, agora fundamentada depois de lido o primeiro romance da senhora disponível online. Porque é que perdi tempo com isto? Porque não gosto de ter opiniões baseadas no que os outros acham. E quanto ao insulto do outro idiota, continua a não me fazer mossa. Aos nove anos eu já tinha mais imaginação para inventar estórias do que trinta Margaridas juntas.

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