sexta-feira, janeiro 22, 2010

On his own

Tinha-lhe dito para me mandar um sms quando saísse, para eu saber que vinha a caminho. Eles não podem levar telemóveis para a escola, mas um telemóvel desligado dentro do bolso da mochila não se denuncia. Só às vinte para as quatro é que me enviou a mensagem e eu, palavra de honra, já estava a antever uma daquelas cenas em que, chegado ele à porta, muito desolada, dir-lhe-ia, francamente, porque é que faltaste ao combinado? E depois a ladainha das responsabilidades e tretas assim. Está claro que, quando me tocou à porta, quase às quatro, brindei-o com o meu melhor sorriso. Em abono da verdade, ele vem sozinho todos os dias, a diferença é que eu vou buscá-lo. Enquanto espero pelo irmão, ele escapole-se-me da vista e quando chego a casa as mais das vezes ainda vem a subir a rua. Ficar em casa à espera, porém, rouba-me aquela certeza quase delirante de que o tenho debaixo da asa, ou como quem diz debaixo de olho (que isto as mães têm olhos onde menos se espera e que alcançam distâncias impensáveis). Portanto, fiquei. À espera. E depois fiquei assim, tonta, sem querer acreditar que sim, aquelas coisas parvas que a gente já sabe.

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