domingo, março 28, 2010

Army party y la hora del planeta

Ontem o Diogo teve uma festinha de aniversário, no Royal Artillery Museum. It's an army party, tinha-me dito, insistindo em levar a pistola de brincar, ao que eu acedi, perguntando-me que diabo de coisa seria aquela. Quando lá chegámos fomos para uma sala rodeada de tanques de guerra, aviões por cima das nossas cabeças e outros artefactos bélicos. Os gaiatos estavam em fila para serem fardados, isto é, para vestirem um colete camuflado. Os monitores estavam fardados a rigor, e tal não se limitava à indumentária mas também à parafernália comportamental, a saber: gestos bruscos, vozes ao alto. A mãe do colega do Diogo avisou-o para não se assustar com os gritos, don't take it personal, he just shouts, that´s the way it is, disse. Dei umas voltas por ali e às tantas vejo-os à porta do museu, um bando de gaiatos a correr, depois a formar fila e a fazer flexões no chão ao som da voz de comando do capitão, enquanto em barulho de fundo se ouviam tiros, espero eu saídos de alguma gravação. Nesta altura já estava por tudo. Continuei a dar voltas ao longo do Tamisa, enquanto me lembrava das minhas festas de aniverário. Convidavam-se os pais das criancinhas, mais as criancinhas, e enquanto estas brincavam ao que lhes apatecesse, sem ninguém que lhes organizasse o divertimento, os pais e as mães confraternizavam à volta da mesa, bebiam, comiam, riam, e no fim do dia estavam todos mais felizes. As casas ficavam viradas de pernas para o ar, principalmente o quarto do aniversariante, mas ninguém se ralava muito, penso.
Quando fui buscá-lo estavam a comer, todos de cara mascarrada e com um ar felicíssimo. Quem sou eu para contestá-lo?
Dentro do saquinho, para além de guloseimas, lápis e um bloco em miniatura, vinha uma bala dourada, de tamanho, peso e consistência perigosamente realistas. Espero que seja uma imitação, mas, como disse, já estou por tudo. Agarrei naquela porcaria e escondi-a numa gaveta. Acho que vou fazer de conta que se perdeu. Não, não me atrevo a deitá-la no lixo. Sabe-se lá a que mãos aquilo pode ir parar. Caramba, já não se pode ir a uma festa de anos inocente, como no meu tempo?
Às oito e meia apagámos as luzes, comemos sopa à luz das velas e jogámos um jogo em que adivinhávamos o que um de nós estava a pensar. Rimos que nem doidos. Quando lhes tentei contar como era a vida das pessoas antes de haver luz fizeram um ar aborrecido e acho que não ouviram metade do que lhes disse.

2 comentários:

josé palmeiro disse...

Olá Papu!

Que história nos contas.
Tenho uma experiência com algumas semelhanças, mas nada que se lhe assemelhe. Quando os nossos filhos eram dessa idade, decidimos que não haveriam de ter brinquedos bélicos, já me tinha chegado os quase 50 meses que tinha passado, na tropa.
Apesar desse cuidado começamos a ver que qualquer galho de árvore, até qualquer outro brinquedo era transformado na pistola ou espingarda, mais mortífera. Foi assim que nos passou a opção, pois a estratégia, tinha ido por água abaixo.
Quanto á bala, pena que seja "dourada", se fosse prateada ainda podíamos dizer que era do "ZORRO". Por fim, vais ter que fazer umas festas, à luz das velas, para terem a noção exacta do maravilhoso.

jao disse...

Na Alemanha nazi diriamos que era preparação militar e precocemente criar um espirito guerreiro, agressivo, militarista.
Na democrática United Kingdom será para lhes criar um espirito aberto e de pequenos não dar origem a frutos proíbidos?
Bolas, não gosto disso!