segunda-feira, maio 31, 2010

Tempo de merda

Pôr a sopa ao lume. O calor exato. Aquele que ferve mas não permite transbordamentos. A raiva é volátil, não precisa de ser esquentada. Quando damos por nós já lá estamos.
A chama é azul, quase transparente. Às vezes dá-me ganas de a tocar, só para ver se é real. Nunca o fiz. Tenho medo da dor.
Tenho mais medo, porém, daquele diabo que me sussurra ao ouvido para pôr as mãos no lume.
A verdade é que não as ponho por ninguém.
A casa está cheia de gritos de crianças.
O céu está branco.
Estou farta deste tempo de merda.

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